quinta-feira, dezembro 05, 2024

A Incoerência da Gestão: Biblioteca às Vésperas do Fim de Mandato e o Dever de Fiscalização dos Vereadores

Receber notícias como a que chegou recentemente, tratando do uso de recursos públicos nos últimos dias de uma gestão marcada por polêmicas e desorganização, é algo que não pode passar despercebido. Em especial, o fato de o atual prefeito, após seis anos de um mandato que incluiu até o fechamento de uma biblioteca por falta de pagamento do aluguel, vir agora, faltando poucos dias para entregar o cargo, solicitar R$ 100 mil para construir uma nova biblioteca.

O Contexto da Mensagem

De acordo com a informação recebida, o valor requisitado pelo gestor teria como base o Projeto de Lei Aldir Blanc, que tem como principal objetivo apoiar artistas e fomentar a cultura, especialmente após as dificuldades enfrentadas pela pandemia. O ponto crítico aqui é que, ao invés de destinar esses recursos para aqueles que fazem a cultura local pulsar, o prefeito decidiu, de forma no mínimo questionável, direcionar uma parcela para a construção de uma biblioteca no apagar das luzes de sua gestão.

Ademais, a situação se agrava pela disputa entre os próprios membros da gestão. O secretário de cultura teria pressionado por um valor ainda maior, de R$ 180 mil, gerando um cenário de suspeita e oportunismo que beira o absurdo.

A Responsabilidade dos Vereadores

Essa situação exige um posicionamento firme dos vereadores, que têm o dever constitucional de fiscalizar o uso dos recursos públicos. A omissão nesse momento seria um grave erro. Afinal, não é razoável acreditar que um gestor que ignorou por anos a necessidade de manter uma biblioteca funcional agora esteja preocupado com essa causa, a poucos dias de deixar o cargo.

Os edis devem:

  1. Investigar o Recurso: Saber exatamente para onde será destinado o valor requisitado e se a proposta é tecnicamente viável.
  2. Analisar a Legalidade: Verificar se há base jurídica para utilizar recursos do Projeto de Lei Aldir Blanc para fins de infraestrutura ao invés de beneficiar diretamente os artistas locais.
  3. Dar Transparência à População: Garantir que os moradores de Jeremoabo estejam cientes das decisões tomadas.

Os Artistas e a Cultura Local

A indignação maior talvez recaia sobre os artistas e agentes culturais de Jeremoabo, que vêm sendo negligenciados durante todo esse período. É inaceitável que recursos que deveriam beneficiar diretamente quem mantém viva a identidade cultural da cidade sejam desviados para um projeto que, embora importante, soa como uma jogada de marketing político tardia.

Reflexão Final

Essa "proposta" de última hora não passa de mais uma das inúmeras incoerências de uma gestão que ficou marcada pelo desgoverno. Se há algo positivo que pode sair disso, é a mobilização da sociedade e dos vereadores para exigir transparência e responsabilidade na aplicação de recursos públicos. Não se pode permitir que esse episódio vire mais uma "piada do ano" às custas do povo e da cultura de Jeremoabo.

É hora de os vereadores cumprirem seu papel e mostrarem que o Legislativo está atento, mesmo nos últimos momentos de um governo que tantos prejuízos causou à cidade