quarta-feira, novembro 27, 2024

Assédio moral e perseguição na OAB-BA: Funcionária é demitida por dar abraço em Ana Patrícia no dia da eleição

 Foto: Divulgação

Marli Canário tinha 12 anos de OAB-BA27 de novembro de 2024 | 10:46

Assédio moral e perseguição na OAB-BA: Funcionária é demitida por dar abraço em Ana Patrícia no dia da eleição

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A atual gestão da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) demitiu uma funcionária de 12 anos de casa por ter dado um abraço na candidata à Presidência da instituição, Ana Patrícia Dantas Leão, no dia da eleição, realizada na terça-feira (19).

Ana Patrícia disputou a eleição com a atual presidente da OAB baiana, Daniela Borges. Logo após a eleição, na quinta-feira (21), a funcionária Marli Canário foi chamada na sala da Gerência Administrativa para ser informada de seu desligamento, 10 minutos antes do fim do expediente.

“Eu jamais imaginei que um gesto de carinho pudesse ser interpretado como um ato de traição”, desabafou Marli. O abraço, dado no dia das eleições, teria desencadeado a demissão sob a alegação de apoio político. Marli contou que, quando foi contratada para trabalhar na Escola Superior de Advocacia da Bahia (ESA-BA), era final da gestão do então presidente Saul Quadros. Cerca de dois meses depois, Ana Patrícia assumiu a vice-diretoria da ESA, com quem manteve contato e nutriu um apreço e admiração. Por questões políticas, a mando do então diretor da ESA, atual conselheiro federal da OAB e algoz de Ana Patrícia, Marli foi transferida para outro setor da OAB-BA, pois ele achava que ela era “olheira” de opositores políticos dele.

Além do recente desligamento, Marli relatou ter sofrido assédio moral em julho, protagonizado por uma superintendente da Ordem. Após buscar uma promoção, justificando ter se tornado advogada e anos de dedicação à Ouvidoria, Marli foi transferida para a Secretaria de Sociedades. No entanto, uma colega com menos tempo na função foi promovida, o que, segundo Marli, evidenciou um tratamento desigual.

“Fui tratada com desprezo e humilhada ao pedir uma justa valorização salarial. Mesmo sendo advogada, fui relegada a funções secundárias”, afirmou.

O impacto emocional foi tão profundo que ela iniciou tratamento psicológico, orientada por colegas que testemunharam suas crises de choro.

Marli destacou ainda casos de colegas promovidos em situações semelhantes à dela. “Por que eu não merecia? Trabalhei na Ouvidoria por 11 anos, sem nenhuma reclamação. Carreguei o setor nas costas, enquanto outros eram apenas de fachada”, desabafou. Ela afirma possuir testemunhas e documentos que comprovam o tratamento abusivo. “Tenho provas e estou munida para buscar justiça. Nenhum funcionário merece ser tratado dessa forma, especialmente em uma instituição que deveria prezar pela ética e pelos direitos humanos”, concluiu.

O que diz a OAB-BA:

A OAB Bahia vem a público afirmar que não é verdade que uma funcionária da Seccional teria sido demitida por questões políticas relativa às eleições da Ordem.

A atual gestão da OAB-BA jamais fez qualquer demissão ou contratação em razão de posicionamento político, nem tratou do assunto com seus servidores antes ou depois das eleições, nem em qualquer outro momento deste triênio.

O desligamento de uma funcionária da OAB-BA ocorrido esta semana se deu exclusivamente por razões administrativas relacionadas ao seu desempenho em atividades que realizava na Seccional, que já havia motivado anteriormente sua transferência de setor. São irresponsáveis, inverídicas e fantasiosas as versões de que o ato teria qualquer justificativa política.

A administração da OAB-BA é contínua e conta com servidores que já atravessaram diversas gestões em mais de duas décadas de trabalho dedicado à Ordem e à advocacia, com dignidade, profissionalismo e competência.

Nesse caso, entretanto, como o número de queixas sobre o desempenho da funcionária em questão veio aumentando ao longo dos anos, a gestão, que é responsável pela boa prestação dos serviços na OAB-BA, decidiu pelo seu desligamento, exclusivamente em razão disso.

A eleição acabou. É hora de respeitar a decisão da advocacia baiana e colaborar para a execução dos projetos e propostas que a classe escolheu e que trarão benefícios para todos.

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