sexta-feira, outubro 18, 2024

Maior poluidor da América Latina, Brasil lança por ano 1,3 milhão de toneladas de plástico no oceano

 

Maior poluidor da América Latina, Brasil lança por ano 1,3 milhão de toneladas de plástico no oceano
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O Brasil é o maior poluidor da América Latina e o 8° maior do mundo. É o que aponta o levantamento “Fragmentos da Destruição: impacto do plástico à biodiversidade marinha brasileira” da ONG (Organização não Governamental) Oceana, divulgado nesta quinta-feira (17). A organização aponta ainda que o país despeja 1,3 milhão de toneladas de plástico no mar, a cada ano, e o volume já representa 8% deste tipo de poluição em todo o planeta.

 

A Agência Brasil, o oceanólogo e diretor-geral da Oceana, Ademilson Zamboni, informou que o estudo foi pensado para dimensionar o problema da poluição plástica no país “O plástico que polui nossos mares chega lá por conta de um modelo de produção e descarte que precisa ser urgentemente substituído". Ele define que o levantamento deve impulsionar uma transição que supere o desafio ambiental, econômico e social causado pelo modelo atual.

 

Estudos brasileiros com relação ao impacto da poluição das águas apontam que o impacto sobre os ecossistemas e até sobre a alimentação humana são problemáticas que já afetam o equilíbrio. Pesquisadores constataram a ingestão de plástico em 200 espécies marinhas, das quais 85% estão em risco de extinção. Desses animais, um em cada 10 morreu em decorrência de problemas como desnutrição e diminuição da imunidade após a exposição a compostos químicos nocivos às espécies, descreve o relatório.

 

Dados dos Projetos de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos e da Bacia de Campos, apontam que na costa brasileira, a ingestão de plástico já foi registrada em todas as espécies de tartarugas marinhas. No entanto, no caso específico das tartarugas-verdes, os pesquisadores constataram que o índice de ingestão entre os 250 indivíduos da espécie estudados é 70%, podendo chegar a 100% em algumas regiões.

 

Entre as espécies estudadas, também chama a atenção o índice de peixes amazônicos que continham plástico ou microplástico no sistema digestivo e nas brânquias: 98% das 14 espécies analisadas em riachos do bioma. “A devastação do plástico na vida marinha segue em grandes proporções e não resta outra saída a não ser a diminuição do alto volume de resíduos despejado continuamente no mar”, destaca o relatório.

 

Entre as recomendações ao Poder Público apontadas pelo grupo de pesquisadores, estão o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a promoção de alternativas ao plástico com preços acessíveis e especialmente a construção de uma legislação específica que regule a produção da substância, em especial os plásticos descartáveis. As informações são da Agência Brasil.