sábado, setembro 21, 2024

PF pede prorrogação de inquérito a Moraes e quer ouvir delegada que devolveu celular a ex-assessor

 Foto: Reprodução/Instagram

O ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro com o ministro Alexandre de Moraes20 de setembro de 2024 | 21:00

PF pede prorrogação de inquérito a Moraes e quer ouvir delegada que devolveu celular a ex-assessor

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A Polícia Federal pediu nesta quinta-feira (19) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a prorrogação do inquérito que apura o caso das mensagens entre assessores de seu gabinete e ex-auxiliares do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A ampliação do prazo, segundo a PF, é necessária para a realização de diligências pendentes, entre elas o interrogatório da delegada da Polícia Civil de São Paulo que devolveu o celular do ex-assessor do TSE Eduardo Tagliaferro.

Os pedidos estão em inquérito aberto pelo magistrado que apura possível origem criminosa no vazamento das mensagens.

Os diálogos revelados pelo jornal Folha de S.Paulo mostraram que o gabinete do ministro no Supremo ordenou por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões de Moraes contra bolsonaristas no inquérito das fake news na corte em 2022.

A delegada Jaqueline Menon devolveu o celular a Tagliaferro em maio de 2023. O aparelho havia sido apreendido após ele ser preso sob suspeita de violência doméstica.

De acordo com o relatório da PF, o aparelho foi restituído na Delegacia Seccional de Franco da Rocha (SP), “com texto que chama atenção”. O documento da devolução afirma que, “a partir da entrega, o detentor seria responsável pelas consequências de indevida divulgação de dados eventualmente sigilosos”.

Segundo o advogado Eduardo Kuntz, o ex-assessor achou que o aparelho estava adulterado, com travas e problemas na bateria. Por isso, desfez-se dele e comprou um novo. Tagliaferro disse, em depoimento, que o aparelho foi devolvido na delegacia sem nenhum invólucro ou lacre.

Entre as outras medidas para as quais a PF pede autorização, estão o acesso ao boletim de ocorrência original do caso de violência doméstica e os dados do escrivão que restituiu o celular e assinou o termo com a delegada.

Na investigação, a PF ouviu Tagliaferro e a esposa e apreendeu outro aparelho dele em 22 de agosto. Um amigo do ex-assessor, Celso Luiz de Oliveira, também foi ouvido. Foi ele quem entregou o celular à Polícia Civil de São Paulo em 2023.

Na decisão que autorizou as primeiras diligências, Moraes afirmou que as medidas estavam amparadas na necessidade de colher evidências relacionadas à prática de infrações penais em relação aos investigados, por haver “indícios de autoria e materialidade criminosas”.

Segundo ele, a PF pediu as medidas para apurar o vazamento de informações contidas no celular de Tagliaferro “como parte da estratégia da organização criminosa que atua para desestabilizar as instituições republicanas”.

Moraes também citou o fato de Tagliaferro ter se negado a entregar o celular voluntariamente durante a oitiva.

O ex-assessor é perito criminal e foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE no período em que Moraes presidiu a corte eleitoral. Deixou o cargo depois do caso de suspeita de violência doméstica.

A Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, entre eles o seu principal assessor no STF, que ocupa até hoje o posto de juiz instrutor, e outros integrantes da sua equipe no TSE e no Supremo.

O maior volume de mensagens com pedidos informais –todas no WhatsApp– envolveu o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Tagliaferro.

O material foi obtido com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que contém as mensagens, não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.

Ana Pompeu/FolhapressPoliticaLivre