segunda-feira, setembro 23, 2024

Lula culpa fracasso coletivo da ONU, estoura tempo e o microfone é cortado

Publicado em 22 de setembro de 2024 por Tribuna da Internet

Lula tem discurso cortado na ONU

Lula aponta as falhas da ONU, num rol interminável

Jamil Chade
Do UOL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo na ONU, em Nova York, que o Pacto da ONU aprovado neste domingo não é suficiente ainda para lidar com as crises estruturais, criticou o Conselho de Segurança e a falta de ambição da comunidade internacional em reformar as instituições. O conteúdo de sua fala foi antecipado pelo UOL. Em seu discurso, ele ainda alertou que, no atual ritmo, o mundo caminho para um “fracasso coletivo” e que não atingirá metas de redução de fome e pobreza.

SEM MICROFONE – Mas o brasileiro, que tinha apenas cinco minutos para falar, teve seu microfone cortado na ONU, por passar do tempo. Os dois líderes que o antecederam também sofreram com a limitação do tempo e tiveram de interromper a fala, por determinação do presidente da Assembleia Geral da ONU. Lula, porém, continuou a discursar, sem o microfone, até concluir sua mensagem.

O brasileiro participou da Cúpula do Futuro, iniciativa da ONU para tentar resgatar os organismos multilaterais. O objetivo era de que o acordo fosse aprovado por consenso. Mas, de forma inesperada, a delegação russa decidiu apresentar novas exigências e ameaçou bloquear a adoção do Pacto do Futuro

Para Lula, ainda que o acordo sirva de um guia para o futuro, faltou “ambição e ousadia”. “O Pacto para o Futuro nos aponta a direção a seguir”, disse. “O documento trata de forma inédita temas importantes como a dívida de países em desenvolvimento e a tributação internacional”, afirmou, citando avanços como a criação de uma instância de diálogo entre presidentes e líderes de instituições financeiras internacionais que promete recolocar a ONU no centro do debate econômico mundial.

AMBIÇÃO E OUSADIA – Lula também destacou o avanço de uma governança digital inclusiva, “que reduza as assimetrias de uma economia baseada em dados e mitigue o impacto de novas tecnologias como a Inteligência Artificial”. “Todos esses avanços serão louváveis e significativos”, disse.

Mas ele deixou claro que isso não é suficiente. “Nos faltam ambição e ousadia”, disse. “A crise da governança global requer transformações estruturais”, insistiu.

Para ele, a pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais. “A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões”, afirmou . “A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado”, alertou.

CONSELHO DE SEGURANÇA – Lula ainda destacou como a “legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”.

O presidente também criticou o fato de as instituições de Bretton Woods desconsiderarem as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento. “O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico”, afirmou.

Foi nesta parte que o microfone deixou de funcionar. “A Carta da ONU não faz referência à promoção do desenvolvimento sustentável”, disse o presidente, já sem a transmissão ou tradução. “Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos. O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão”, completou. Para ele, a comunidade internacional tem a responsabilidade de não deixar que avanços possam ser minados. “Não podemos recuar na promoção da igualdade de gêneros, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação”, defendeu Lula.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Com ou sem microfone, a conversa fiada é a mesma. Sua única referência ao clima foi uma cobrança, principalmente aos países ricos. “Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro”, disse, como se as queimadas não tivessem efeito algum(C.N.)