segunda-feira, junho 03, 2024

Após derrotas, é preciso menos petismo e mais base aliada, segundo o Planalto


A charge como um input nos processos cognitivos dos leitores

Charge do Bruno Galvão (Arquivo Google)

Gerson Camarotti
g1 Brasília

As derrotas do governo Luiz Inácio Lula da Silva na votação dos vetos presidenciais e em outros temas sensíveis, nas últimas semanas, levaram interlocutores a avaliar que Lula precisa, mais uma vez, ampliar a pluralidade partidária na articulação política.

Nessa área, ao longo de quase um ano e meio de governo, reinam os indicados do próprio PT: o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; o ministro da Casa Civil, Rui Costa; o líder do governo na Câmara, José Guimarães; e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner.

Dos articuladores principais, a única exceção é o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. Mas ele está sem partido, ou seja, também não traz nenhuma bancada atrás de si para votar com o governo.

PRESTIGIAR A BASE – Interlocutores ouvidos pelo blog avaliam que Lula deveria fazer, agora, o mesmo que fez em seus governos anteriores: um rodízio na articulação política entre nomes não filiados ao Partido dos Trabalhadores.

Lula sempre viu com clareza que o cargo de articulador político deveria ser de “alta rotatividade”, em razão do desgaste inerente à função. No início do ano, no entanto, após duras críticas públicas de Arthur Lira (PP-AL), disse que manteria Padilha no cargo “só por teimosia”.

Os interlocutores de Lula afirmaram ao blog que o governo precisa cobrar maior apoio dos partidos que, atualmente, têm espaço na Esplanada dos Ministérios.

SEM EFEITO – A percepção é de que as mudanças feitas no primeiro escalão no ano passado – com ministérios cedidos a nomes do centrão como André Fufuca (PP, Esportes), Silvio Costa Filho (Republicanos, Portos e Aeroportos) Celso Sabino (União Brasil, Turismo) – não surtiram efeito.

Mesmo antes da minirreforma ministerial, já havia integrantes de siglas como MDB, PSD e até do próprio União Brasil na Esplanada. Até agora, no entanto, o governo segue com dificuldades em consolidar uma base aliada.

Por isso, aliados de Lula avaliam que talvez essa representatividade partidária precise também atingir o chamado “núcleo duro do Planalto”, ou seja, o entorno presidencial. Por ali, só há filiados ao PT: Rui Costa, ministro da Casa Civil; Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais; Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República; e Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social – hoje, licenciado como secretário extraordinário para a Reconstrução do Rio Grande do Sul, mas ainda ligado ao Planalto.

PADILHA NA MIRA – Padilha é visto por interlocutores como alguém de interlocução mais restrita, e por isso aliados de Lula consideram um erro a manutenção dele no cargo.

Mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro acabou cedendo à necessidade de negociar com partidos ao longo de seu mandato.

Fez isso, por exemplo, quando colocou Ciro Nogueira e Flávia Arruda na Casa Civil e na Secretaria-Geral da Presidência da República.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O esquema ideal tem várias denominações. É conhecido por “é dando que se recebe”, “troca-troca”, “toma lá, dá cá”, “uma mão lava a outra” etc. e tal. Significa que não há nada de novo no front ocidental. Lula teve o prazo de validade ampliado pelo Supremo, fez operação plástica no rosto, mas o pescoço parece um maracujá colocado na gaveta para amadurecer, como se faz na Amazõnia. (C.N.)