Mario Sabino
Metrópoles
Não consigo pensar em nada mais ridículo do que um presidente da República pedindo ao seu ajudante de ordens para falsificar certificado de vacinação contra a Covid.
Se a convicção contra a segurança da vacina era tanta, se o medo de virar jacaré era real, Jair Bolsonaro deveria ter renunciado a viajar aos Estados Unidos. As nossas escolhas têm consequências e pronto.
OUTRA ESTUPIDEZ – Jair Bolsonaro acreditava que a fraude permaneceria em segredo. Outra estupidez. O sujeito vivia sabotando todas as medidas sanitárias contra a Covid, fazia campanha aberta contra a vacinação, vivia às turras com o Poder Judiciário, Alexandre de Moraes já estava tocando inquéritos sigilosos — como é que ele abriu um flanco desses?
Nunca houve um presidente que se enrolasse tanto sozinho como Jair Bolsonaro. E, pelo jeito, só havia patetas obedientes ao lado dele. Ninguém para dizer: “ô, chefia, não faz isso, não…”
Comparado aos outros indiciamentos, esse parece ser de menor dano, mas não é: a PF acusa o ex-presidente de associação criminosa (outros 16 Einsteins foram indiciados) e inserção de dados falsos em sistema de informação. Dá cana brava. Não, não tem nada a ver com aquela palhaçada da perturbação a baleia.
NOS ESTADOS UNIDOS – Jair Bolsonaro supostamente usou os documentos falsos para enganar a imigração americana. Fosse um cidadão comum, não entraria nunca mais nos Estados Unidos. Talvez não entre mais.
E ele ainda pode ser condenado à prisão pela Justiça americana.
Deveria existir vacina contra a burrice. Mas, se existisse, o ex-presidente não se vacinaria e mandaria falsificar o certificado.