sexta-feira, março 15, 2024

Aliados dizem que não pode dar certo: ‘Padilha ri demais e Rui Costa não ri”


O presidente Lula conversa com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante reunião no Planalto

Lula, Rui e Padilha não falam a mesma língua, dizem aliados

Daniela Lima
GloboNews

“O (Alexandre) Padilha ri demais. O Rui (Costa) não ri. Não tem como dar certo. E pior: Tarcísio está surfando na pauta da segurança. Estou sinceramente preocupado.” A análise franca é de um aliado inconteste de Luiz Inácio Lula da Silva. Aliado há décadas, que participa dos debates sobre o governo e viu um declínio drástico no cenário político para o Planalto.

Este aliado não é o único. Diferentes setores do Congresso e do Judiciário falam em desarticulação política, falas descontroladas e pouco gesto na direção de aliados que deram base e forma à chamada frente ampla que levou à vitória de Lula.

JANTAR DE DIRCEU – Exemplos dessa falta de cuidado e de escuta a setores que não necessariamente só os do PT foram discutidos à exaustão no já mencionado pelo blog do Valdo Cruz no jantar de aniversário de José Dirceu.

“Frente ampla não é apenas colocar gente de outros partidos no governo. É executar um programa amplo. O Palácio é 100% PT”, relatou um ministro do Supremo.

Outro integrante da Corte já havia criticado a condução da comunicação, vê o governo criando ruídos, investindo em pautas sectárias que encobrem eventuais resultados práticos e positivos. Recentemente, o Instituto Fome Zero divulgou que 13 milhões de pessoas deixaram de passar fome em 2023. Foi há dois dias. Qual o tema da política? A PEC das Drogas, pauta da extrema direita.

CASO ALCOLUMBRE – “O MDB têm feito sucessivos acenos ao governo, acenos nunca retribuídos. O governo dialoga e prestigia, por exemplo, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre. E qual a pauta dele? Ser o próximo presidente do Senado. Como? Usando a CCJ de palanque bolsonarista”, relata um emedebista.

Essa mesma fonte elenca questões que foram colocadas em pauta na comissão anos últimos meses: “Fim da saidinha, PEC das Drogas, projeto contra decisão monocrática do Supremo e, está na bala a votação de mandato de ministro. Todas pautas bolsonaristas. Parece que não foi o projeto de Lula o eleito, mas ele não reage”.

Rui Costa e Padilha têm sido muito criticados. No Senado, circula um apelido: “A República do Acarajé”. Costa é baiano.

ATÉ NO SENADO… – “Sabe o que acontece? O governo nunca teve problema no Senado. Começou a ter porque as pessoas perceberam que o que funciona com eles é o método Arthur Lira: pressão, pressão e cobrança. Então tá”, relata o emedebista.

Mas o Planalto não vê problema e até coloca panos quentes nas críticas. Diz que elas ajudam a azeitar as coisas e que há tempo para reverter o desgaste atual.