Publicado em 25 de fevereiro de 2024 por Tribuna da Internet
Antonio Rocha
Uma amiga, antiga diretora do Sesc – Serviço Social do Comércio, já falecida, quem me contou: “Foi o presidente Getúlio Vargas que criou o Sesc. No período dele, o PCB (Partido Comunista Brasileiro) era muito forte e então Vargas idealizou o chamado “Sistema S”.
Na época, as reivindicações sociais do Partidão, com suas propostas de melhoria de vida para a população, eram um atrativo para milhares de eleitores.
ALGO DE NOVO – Se não fosse feito algo de novo, logo os comunistas, socialistas e esquerdistas chegariam ao poder. Vargas entendeu que o capitalismo ortodoxo, que só explora e não dá nada em troca, precisava ser aperfeiçoado. E assim as direitas brasileiras passaram a semear migalhas, ajudar minimamente o povo, para continuar com a direção e o mando no país.
Por exemplo, quando criaram o 13º salário, os conservadores diziam que isso iria quebrar a economia, e na verdade, o fato ajudou e muito a injetar cruzeiros (na época) no comércio, na indústria e similares, justamente na época do Natal.
Marx, ainda que se considerasse ateu, teve uma firme formação cristã e quando jovem frequentava a Igreja Luterana com o seu pai, todo domingo. Deste modo, há um princípio de caridade no Cristianismo que no início muito influenciou os postulados comunistas e socialistas do jovem Marx e seu parceiro Friedrich Engels.
ERRO DE FREIRE – A meu ver, um equívoco do grande Paulo Freire foi quando ele declarou mais ou menos assim: “Que o socialismo chegue antes da caridade”. Há uma dimensão caritativa no humanismo que pode ajudar e muito o socialismo, tipo construirmos um “socialismo caridoso”.
Mas, o famoso educador não entendeu isto e, mesmo tendo uma sólida formação cristã, pois ele era membro da Igreja Presbiteriana do Recife quando foi preso, não percebeu que se juntarmos socialismo e caridade teremos uma sociedade mais justa socialmente.
Torço, como quem torce, equilibradamente, por um time de futebol, para que o atual PSB – Partido Socialista Brasileiro, com sua proposta de um “Socialismo Criativo” siga por este caminho Humanista e com boas doses de saudável Caridade.
GENEROSIDADE – Uma boa definição de caritativismo é a “generosidade” ensinada pelo pensador Buda, Sidarta Gautama, no século 6 antes de Cristo.
Há um antigo livro sobre o socialismo, publicado nos anos 1970, em Lisboa, que nos fala; essa idéia humanitária nasceu no romantismo. estilo de época na literatura, que estudamos na Faculdade de Letras da UFRJ.
Este livro, “O Socialismo, do Renascimento aos nossos dias”, de Claude Willard, depois foi publicado aqui pela Editora Paz e Terra e pode ser encontrado nos sebos.
HOUVE ERROS – Claro que aqui os opositores vão alegar os desvios do stalinismo e outras atitudes autoritárias ditatoriais. Mas eu estou propondo um socialismo democrático equilibrado e vejo na caridade não uma doença, como muitos dizem, mas uma possibilidade para o Brasil e o mundo.
Vai demorar um pouco para acontecer, mas é aos poucos que as conquistas sociais ocorrem, como percebeu o então presidente Getúlio Vargas.