Publicado em 19 de fevereiro de 2024 por Tribuna da Internet

Charge do Lattuff (Brasil 247)
Andréia Sadi e Fábio Santos
g1 Brasília
A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento no âmbito da investigação que apura tramas golpistas envolvendo membros do governo e militares. Conforme o blog apurou, a previsão é para que o depoimento ocorra na próxima quinta-feira (22).
O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, confirmou a informação ao blog. A Polícia Federal descobriu, entre outros elementos, vídeo de reunião em que Bolsonaro diz a ministros que não podem esperar o resultado da eleição para agir. Defesa, no entanto, diz que ex-presidente nunca pensou em golpe.
OUTRAS PROVAS – Além da gravação, apreendida no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a PF colheu outros elementos que colocam o ex-presidente no centro da trama golpista.
A PF descobriu, por exemplo, a gravação de uma reunião, em julho de 2022, em que Bolsonaro convoca seus ministros para discutir estratégias que evitassem derrota nas eleições. Àquela altura, Bolsonaro prevê que poderia perder a disputa e pede para os ministros acionarem “o plano B”.
Na mesma reunião, um de seus auxiliares mais próximos, general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defende que a “mesa” tinha que ser virada logo, antes do resultado das eleições.
MINUTA DO GOLPE – A PF ainda encontrou, no gabinete de Bolsonaro na sede do PL, um documento com conteúdo golpista, chamado de minuta do golpe, que anunciaria a decretação de um estado de sítio e a imposição da garantia da lei e da ordem no país.
Aliados do ex-presidente, por sua vez, alegam que Bolsonaro não diz especificamente que quer o golpe. Logo após a operação, a defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
E alega que transferiu R$ 800 mil para os EUA por ter dúvidas sobre a política e economia do atual governo.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Também devem depor na quinta-feira dois assessores presidenciais – o coronel Marcelo Câmara, envolvido nas fraudes dos carnês de vacinação, e Tércio Arnaud, especialista em informática que comandava o chamado Gabinete do Ódio. (C.N.)