segunda-feira, janeiro 29, 2024

Lula precisa cair na real e demitir a cúpula da Abin, que está deixando furo


ABIN – MoisesCartuns

Charge do Moisés (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Os fatos envolvendo a Abin são tão graves que uma mudança geral na cúpula é medida que se impõe com urgência. Segundo as investigações em curso na Polícia Federal, a Abin Paralela, à margem da Lei, é Inconstitucional, conforme o artigo 5ª, inciso X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Logo, os mais de 1,5 mil cidadãos monitorados pelos arapongas na denominada Abin Paralela têm assegurado o direito à indenização, se comprovados os danos decorrentes da violação, que não foi executada segundo o devido processo legal, que exige uma decisão judicial.

DIVERSOS PROPÓSITOS – Importante salientar que esse monitoramento serviu para diferentes propósitos, mas um deles, em particular, precisa ser esmiuçado pelos investigadores – se o golpe de Estado tivesse o êxito pretendido, logo na primeira semana o governo ditatorial teria em suas mãos a lista de 1,5 mil desafetos, para prender, cassar e até outras maldades que me recuso a citar.

Eis, aí, o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

Vejam bem, não se trata de devaneios ou teoria da conspiração, porque já há exemplos na história recente do Brasil. O golpe de deflagrado no dia 31 de março de 1964 depôs o presidente João Goulart, que fugiu para o Uruguai para não ser morto. Pois bem, no dia 9 de abril de 1964, saiu a lista das primeiras cassações de deputados e senadores e houve ordens de prisões para adversários políticos. Óbvio que a lista dos monitorados pelos órgãos de informações das Forças Armadas já estava pronta.

SEM CONTROLE – Eis aí o perigo de um órgão de informações paralelo, sem controle do Estado. Vivemos numa corda bamba, sem saber do dia seguinte, podendo acordar com uma patrulha nos esperando para levar, sei lá para onde.

O fato concreto e que a Abin, como agência de Informações, falhou ao não informar dos atos preparatórios do 8 de Janeiro. Tudo bem que só tinha poucos dias de governo, que ainda estava se estruturando, mas não valeu de nada o longo tempo de transição?

Me parece que vão deixar a poeira baixar, para diminuir a pressão sobre o diretor, que é apadrinhado pelo ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, que afinal, não vem atuando muito bem na pasta e tem deixado a desejar.

PÉSSIMA ESCOLHA – Creio que foi uma péssima escolha nomear Rui Costa para um cargo de extrema importância. Mas o presidente Lula não pretende substituí-lo, pois é da sua natureza ir até o final com suas escolhas.

Lula comporta-se como se jamais errasse em suas escolhas, somente substituirá Rui Costa se aparecer algum escândalo incontornável.

Já Bolsonaro tirava imediatamente, quando era contrariado, como fez com Gustavo Bebiano e o general Santos Cruz. Para continuar no Poder com Bolsonaro, havia uma regra fundamental – sempre dizer amém para o verdugo da vez, caso contrário, rua. Itamar Franco também agia assim, mas recontratava quem provasse ser inocente.