Publicado em 25 de dezembro de 2023 por Tribuna da Internet
Camila Zarur
Folha
A Polícia Federal prendeu neste domingo (24), véspera de Natal, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, apontado como o líder da maior milícia do Rio de Janeiro. Ele estava foragido desde 2018. A prisão foi feita pela corporação em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública estadual depois de negociação com defensores de Zinho, de acordo com nota do governo fluminense.
Zinho, ainda segundo a PF, apresentou-se a policiais da Delegacia de Repressão a Drogas e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas, na Superintendência Regional da corporação na cidade. Havia 12 mandados de prisão em aberto contra ele, classificado pela gestão Cláudio Castro (PL) de “inimigo número 1 do RJ”.
NO PRESÍDIO – Cumpridas as formalidades da prisão, ele foi encaminhado para o IML (Instituto Médico-Legal) e, em seguida, para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio.
Em nota, o governador comemorou a prisão como uma vitória da sociedade. “A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo”, declarou Castro.
Pelo X (antigo Twitter), o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, também celebrou a prisão. “A PF prendeu hoje, dia 24 de dezembro, no final da tarde, o miliciano mais procurado, líder da milícia que domina a zona oeste do Rio de Janeiro”.
GRANDE LÍDER – De acordo com as investigações, Zinho comanda a maior milícia da zona oeste. Ele assumiu o comando do grupo paramilitar em 2021, após a morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko.
O controle dessa milícia foi passado de irmão para irmão, à medida que eles iam morrendo. Antes de Ecko, que assumiu como chefe em 2017, quem comandava era Carlos da Silva Braga, o CL ou Carlinhos Três Pontes.
O grupo hoje é chamado de Bonde do Zinho, mas já teve outros nomes. Inicialmente, era chamado de Liga da Justiça e foi criado em meados da década de 1990, por agentes e ex-agentes das forças de segurança do estado e dos bombeiros.
JUNTO COM TRÁFICO – Em 2010, visando expandir seu domínio territorial, os paramilitares passam a se aliar com traficantes de organizações criminosas. É nesse momento que o irmão de Zinho, o Carlinhos Três Pontes, assume o comando do grupo, após um racha interno. À época, o grupo passa a ser conhecido como Milícia do CL ou a Firma.
Das 833 áreas listadas pela Polícia Civil como sendo de influência da milícia, 812 têm influência do grupo. Os paramilitares exercem o domínio das regiões ao cobrar de seus moradores taxas extras, extorquir comerciantes e forçar monopólios de serviços básicos, como gás e luz.
De acordo com o Geni/UFF (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), grupos milicianos ocupam quase 60% da região metropolitana.
OPERAÇÃO DA PF – Na última terça-feira (19), a PF e o Ministério Público do Rio fizeram uma operação contra Zinho e outros milicianos do mesmo grupo. Eles são suspeitos de praticar crimes como formação de milícia privada, extorsão, homicídios, lavagem de capitais, além de porte, posse ilegal e comercialização de armas de fogo.
Segundo a investigação, as cobranças de taxa extra são planilhadas pelos paramilitares. Em único mês, fevereiro deste ano, o grupo criminoso arrecadou mais de R$ 308 mil com a cobrança de taxas feitas a grandes empresas do ramo da construção civil atuantes na zona oeste do Rio.
“No intuito de ocultar e dissimular a natureza, origem e a localização do dinheiro ilícito, os criminosos valiam-se de variadas contas para recebimento e circulação dos valores obtidos através das extorsões”, diz o Ministério Público.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Um grande presente de Natal para o Rio de Janeiro. Espera-se que não seja solto por falta de provas ou algum detalhe técnico, como passou a acontecer rotineiramente na Justiça brasileira. (C.N.)