sexta-feira, setembro 29, 2023

É preciso acabar com a reeleição e separar a eleição de presidente e de parlamentares


O potencial dissipador da reeleição - Blog do Ari Cunha

Charge do Déo Correia (bocadura.com)

Roberto Nascimento

Concordo com o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no que concerne à necessidade de pôr fim à reeleição para cargos executivos (presidente, governadores e prefeitos). Foi uma péssima ideia de Fernando Henrique Cardoso, o cacique do PSDB, levada adiante pelo seu xerife, Sérgio Mota, o ministro tucano das Comunicações, que funcionava como trem-pagador e soube comprar preciosos votos de parlamentares, para aprovar a emenda constitucional.

Em relação à simultaneidade das eleições, discordo visceralmente. Eleição geral de quatro em quatro anos, além de gerar confusão na cabeça do eleitor, impede o aperfeiçoamento da democracia.

LEMBRANDO HELIO – Neste aspecto, estou ombro a ombro com o saudoso jornalista Helio Fernandes, adepto de eleições anuais. Segundo ele, quanto mais eleição, maior a oportunidade de o cidadão saber distinguir quem o representa e quem é oportunista, só pensa no seu clã familiar e nos amigos do peito. Assim, é preferível ter mandato de cinco anos para presidente e de quatro anos para parlamentares.

Rodrigo Pacheco, no exercício da presidência do Senado e do Congresso, tem hora que vai bem, mas logo depois pode dar uma bela derrapada.

Mesmo assim, o senado mineiro é incomparavelmente melhor do que o “primeiro-ministro” Arthur Lira ((PP-AL), que se comporta como rei da Câmara dos Deputados e xerife do Centrão.

HELENO CANTOU… – Quanto ao Centrão propriamente dito, trata-se daquele grupo político fisiológico que o general Augusto Heleno, em plena campanha ao lado de Bolsonaro, definiu com precisão, ao cantar desafinadamente: “Se gritar pega ladrão, não fica um Centrão…”.

Depois, teve de dar uma recueta, porque Jair Bolsonaro ganhou a eleição em 2018. Heleno foi logo nomeado ministro do Gabinete de Segurança Institucional e passou a andar de braços dados com quem? Ora, com Lira e o Centrão, que depois emplacou Ciro Nogueira como chefe da Casa Civil.

São as voltas que o mundo dá. Mas tem gente que ainda acredita no terraplanismo.