quarta-feira, agosto 30, 2023

Oposição quer restringir os empréstimos do BNDES para países “amigos” de Lula


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Charge do Humberto (Folha de Pernambuco)

Tatiana Azevedo
Gazeta do Povo

Parlamentares de oposição na Câmara dos Deputados querem que o Congresso Nacional tenha a última palavra sobre autorização de empréstimos e financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a países “amigos” do presidente Lula da Silva (PT).

Desde que voltou ao poder, em janeiro de 2023, Lula tem afirmado que o BNDES deve retomar operações de empréstimo para financiar obras e serviços em países vizinhos, e tidos como aliados do governo petista. Na semana passada, quando estava em Angola, Lula voltou a tocar no assunto e mencionou sua intenção de retomar financiamentos para países africanos.

BOM PAGADOR – “Vamos voltar a fazer investimento para Angola, que é um bom pagador das coisas que o Brasil investiu aqui. Angola sempre foi um país que nos deu certeza que cada dólar investido aqui seria ressarcido e assim o fez”, afirmou Lula, em discurso no Foro Empresarial Brasil-Angola. Financiamentos de obras na Argentina também estão nos planos do petista.

Diante dos calotes dados por Cuba e Venezuela aos cofres do Tesouro brasileiro,A com obras autorizadas nos governos petistas anteriores, a oposição pretende barrar ou colocar freios para que a história não se repita.

A Emenda Constitucional 3/2023 é uma das tentativas de regular esses empréstimos. Proposta pelo deputado Mendonça Filho (União-PE), altera o artigo 49 da Constituição Federal, para que o Congresso autorize a realização de operações de crédito por instituições financeiras controladas pela União sempre que o objeto da operação vier a ser executado fora do país.

EVITAR ABUSOS – Um dos objetivos da autorização do Congresso, segundo o deputado, seria evitar abusos como os registrados no passado em operações financeiras feitas pelo BNDES a países como Venezuela e Cuba, entre outros, que pegaram dinheiro emprestado do Brasil e não honraram o compromisso.

“Queremos impedir que o BNDES volte com seus empréstimos para obras no exterior sem aprovação do Congresso Nacional. Não é justo com o povo brasileiro ver tantas operações paradas por aqui enquanto financiamos empreendimentos em outros países, ainda mais para nações regidas por ditaduras ou autocracias”, afirmou a deputada Rosângela Moro (União-SP).

A base governista na Comissão de Constituição e Justiça fez o possível para “empurrar” a discussão mais para a frente, mas a oposição conseguiu derrubar o pedido dos partidos que apoiam o governo, e o debate sobre a constitucionalidade da proposta terá que continuar.

PT NÃO ACEITA – Em defesa do governo, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) alega que o projeto vai além do razoável. Segundo ele, a autorização de operações de crédito pelo Congresso, significa uma interferência no espaço do Executivo, o que vai contra a regra da independência e autonomia entre os poderes da República.

O líder da oposição, deputado Carlos Jordy (PL-RJ) discorda e critica o argumento do governo de que o BNDES teria feito grandes negócios em empréstimos que terminaram em “calote”.

“Venezuela e Cuba somam R$ 6 bilhões de calote para o Brasil”, afirma Jordy. Para ele, é papel do Congresso fiscalizar esse tipo de atividade de um banco que gera recursos públicos; como inclusive é o Congresso que deve autorizar o Executivo a fazer qualquer tipo de atividade, como a abertura de créditos orçamentários.

TEMA CONTROVERSO – Na avaliação do diretor do Ranking dos Políticos, Juan Carlos Gonçalves, a ajuda financeira concedida pelo BNDES a países amigos durante os governos petistas tem sido um tema controverso e objeto de críticas por várias razões.

“Embora a intenção de solidariedade e cooperação com nações em desenvolvimento seja louvável, a maneira como esses empréstimos e investimentos foram realizados gerou debates consideráveis e questionamentos sobre a transparência e a eficácia dos programas”, afirma.

Ainda de acordo com Gonçalves, “outra crítica foi a percepção de que esses empréstimos eram usados como instrumentos de política externa para promover alianças políticas e interesses específicos do governo”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Enviada por Mário Assis Causanilhas, é uma equação fácil de resolver. O BNDES e qualquer banco estatal não podem fazer empréstimos a quem não paga, como Cuba e Venezuela. Cuba mandava médicos trabalhar aqui para pagar a conta e ainda confiscava a maior parte do salário deles, uma desumanidade. A Venezuela podia pagar nos exportando petróleo a baixo preço, porém jamais se interessou em fazê-lo. São países trapaceiros, apenas isso. (C.N.)