quinta-feira, julho 20, 2023

Fraude em licença, propina em sacola, compra de mansão: ex-prefeita é condenada a 36 anos de prisão por corrupção

Por Rodrigo Salgado e Fernando Zuba, g1 Minas — Belo Horizonte

 



A ex-prefeita de Santa Luzia Roseli Ferreira Pimentel e outros dois réus foram condenados pela Justiça por corrupção ativa e passivaassociação criminosa e lavagem de dinheiro. A pena dela ultrapassa os 36 anos de prisão. Todos responderão em liberdade e a decisão cabe recurso.

Além de Roseli, o esquema envolvia o marido dela, Efraim da Silva Dias, condenado a 21 anos de prisão, e o empresário do ramo imobiliário Paulo Eduardo Bebert Lopes, condenado a 29 anos e 10 meses de reclusão.

O advogado de Roseli, José Sad, disse, em nota, que já recorreu da decisão e que "todas as questões relacionadas à sentença serão discutidas no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais".

g1 também entrou em contato com os advogados de defesa de Efraim e de Paulo Eduardo. Eles disseram que discordam da decisão e que também vão recorrer

Propina em troca de licenças ambientais

A denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) dá conta que, em 2016, quando Roseli era prefeita, ela recebeu cerca de R$ 1,1 milhão do empresário do ramo imobiliário Paulo Eduardo Bebert Lopes em troca de licenças ambientais em benefícios de empreendimentos dele. O objetivo era agilizar o processo da obra.


Os dois firmaram o pagamento forjando um empréstimo, em um contrato sem assinatura de testemunhas, sem reconhecimento de firma e sem registro em cartório. Esses indícios, para o MPMG, demonstravam se tratar de um documento fraudulento.


Além disso, a empresa que concedeu esse empréstimo era de Paulo Eduardo - que não costumava realizar este tipo de transação com pessoas físicas. Essa empresa era ainda cotista das construtoras que receberam o benefício ambiental da Prefeitura de Santa Luzia.

Lavagem de dinheiro


Segundo o processo, Roseli e o marido dela, Efraim da Silva Dias, compraram uma mansão em Santa Luzia, no valor de R$ 1,3 milhão, para lavar dinheiro.


O MPMG aponta que os pagamentos foram realizados em Belo Horizonte e em diferentes depósitos, feitos em dinheiro vivo. De acordo com o processo, o casal tentou disfarçar a coincidência entre os valores pagos na propina e na quitação do imóvel.


Os pagamentos foram realizados em nome de Efraim, marido de Roseli, também como forma de mascarar a transação


Os valores pagos não condiziam com o patrimônio do casal. A transação era considerada suspeita até mesmo pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).




Encontros noturnos


Ainda de acordo com a denúncia, Roseli se encontrou com o empresário Paulo Eduardo seis vezes ao longo do ano de 2016 no escritório dele em Belo Horizonte para pegar as parcelas da propina. Os encontros eram fora do horário de expediente.


A propina era paga em dinheiro vivo e entregue a Roseli por meio de uma sacola retornável de supermercado. O dinheiro era entregue ao corretor, que repassava à antiga proprietária do imóvel que o casal Roseli e Efraim havia adquirido.

A partir de agosto de 2016, entretanto, começou a circular nas redes sociais entre os moradores de Santa Luzia que Roseli havia comprado o imóvel com dinheiro de propina. Para disfarçar o esquema, o pagamento foi atrasado e o dinheiro passou a ser repassado por envelopes pardos.

Em dezembro, Roseli forjou um contrato de venda do imóvel para a empresa em nome do empresário Paulo Eduardo, como forma de dificultar o rastreamento dos crimes. A mansão ficou abandonada e chegou a ser invadida por usuários de drogas. 

Nota da redação deste Blog - Quando o artista está no poder dificilmente a conta chega, agora quando deixa a mamata a garapa azeda  sem dó nem pena.

Como em Jeremoabo não existe "mal feitos", estamos livres dessas notícias.