terça-feira, junho 06, 2023

Plano de Marina entregue a Lula prevê interditar metade das áreas desmatadas


Lula precisa tirar coelhos da cartola para cumprir promessas de campanha',  diz assinante - 25/05/2023 - Painel do Leitor - Folha

Charge do Carlos Iotti (Folha)

Guilherme Balza
GloboNews

O novo plano para enfrentar o desmatamento na Amazônia, lançado nesta segunda-feira (5) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e apresentado ao presidente Lula, prevê o embargo de metade da área desmatada ilegalmente no Brasil, dentro de Unidades de Conservação, identificadas pelo sistema Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia)

O embargo é uma forma de sanção administrativa que suspende as atividades desenvolvidas na propriedade atingida. A proposta também projeta a criação até 2027 de novas unidades de conservação em três milhões de hectares – área equivalente ao estado de Alagoas.

DIA MUNDIAL – O governo federal escolheu o Dia Mundial do Meio Ambiente para lançar a 5ª fase do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDam). O plano é organizado em quatro eixos e tem cerca de 150 metas.

Trata-se de uma iniciativa interministerial, que envolve 17 pastas, com coordenação do Ministério do Meio Ambiente, e participação de dezenas de órgãos públicos

O PPCDam foi criado em 2004, no primeiro mandato de Lula, por iniciativa de Marina Silva. Especialistas afirmam que o plano foi fundamental para o Brasil reduzir o desmatamento na Amazônia. O projeto foi encerrado em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, sob críticas de ambientalistas no Brasil e no exterior.

ZERAR O DESMATAMENTO – O plano tem o objetivo de ajudar o Brasil a cumprir a meta de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Veja os principais pontos:

Eixo 1 – Atividades produtivas sustentáveis

Elaborar o Plano Nacional de Bioeconomia; criar selos e marcas oficiais para certificação de produtos da bioeconomia na Amazônia; levar energia a 120 mil unidades para estimular projetos.

Eixo 2 – Monitoramento e controle ambiental

Embargar 50% da área desmatada ilegalmente identificada; cancelar 100% dos registros irregulares no Cadastro Ambiental Rural sobrepostos a terras federais; ampliar o número bases estratégicas, delegacias federais e aeronaves da Polícia Federal e Forças Armadas na Amazônia; contratar 1.600 analistas ambientais para atuar no combate ao desmatamento; produzir alertas diários de desmatamento.

Eixo 3 – Ordenamento territorial e fundiário

Criar 3 milhões de hectares de unidades de conservação; incorporar à União 100% das terras devolutas (terras que são públicas, mas ainda estão sem destinação); demarcar 230 mil quilômetros de limites de terrenos marginais de rios.

Eixo 4 – Instrumentos normativos e econômicos

Oferecer juros mais baixos e outros incentivos à produção sustentável no Plano Safra; regulamentar o mercado de carbono no Brasil.

OFENSIVA RURALISTA – A retomada do PPCDam ocorre em meio a uma ofensiva do Centrão e da bancada ruralista contra pontos sensíveis da agenda ambiental do governo.

Nas últimas semanas, a Câmara aprovou a MP da Mata Atlântica, adicionando jabutis que, segundo especialistas, iriam o aumentar o desmatamento e a degradação do bioma, mas foram vetados por Lula. Os deputados também aprovaram o marco temporal das terras indígenas que, além de dificultar demarcações, podem gerar impacto ambiental – o texto ainda precisa ser votado no Senado.

Por fim, foi aprovada nas duas Casas a MP da reorganização básica do governo, com o esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente e Povos Indígenas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O extenso, ambicioso e enfadonho plano de Marina Silva poderia ser substituído por esta pequena frase: “Vamos cumprir a lei”. O fato concreto é que, nos últimos três anos, o Brasil registrou o pior desmatamento em 15 anos, o maior número de focos de incêndios em 10 anos e a maior taxa de emissão de gases poluentes em 16 anos.

Para resolver o desmatamento é simples: basta cumprir a lei. Cada propriedade rural na Amazônia precisa preservar 80% de sua área; no Cerrado e no Pantanal; 35%; no resto do país, 20%. É fácil conferir se os percentuais estão sendo cumpridos, verificando as fotos do satélite.

Plano Tribuna da Internet – a propriedade que não estiver respeitando a lei, ganha prazo para cercar as áreas ilegalmente desmatadas. E nem precisa reflorestá-las: se parar de limpar ou queimar, a natureza se regenera na Amazônia. Primeiro, nasce a vegetação de médio porte, chamada de Capoeria; depois, as árvores grandiosas renascem. Simples assim. E acredite se quiser. Governar significa ser prático e preciso. (C.N.)