quinta-feira, junho 22, 2023

Esperto, advogado que defende Bolsonaro usa afirmação do atual ministro José Múcio

Publicado em 22 de junho de 2023 por Tribuna da Internet

Tarcísio Vieira, porém, esqueceu de citar as “lives” de Lula

Mariana Muniz
O Globo

Ao defender o ex-presidente Jair Bolsonao, o experiente advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, com a visão de ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, usou como argumento uma recente afirmação do atual ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que reconheceu não ter havido um líder nos atos do 8 de janeiro.

Realmente, em discordância aos argumentos do relator Benedito Gonçalves, Múcio afirmou que não houve um “grande líder” por trás das invasões aos prédios do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. “Havia vontades individuais que houvesse um golpe. Mas não havia um líder. Algum militar do Exército, algum militar da Aeronáutica, algum militar da Marinha queria golpe? Acredito que sim. Mas as pessoas que vieram para a Praça dos Três Poderes no dia 8 não saíram de lá dos acampamentos de Brasília. Foi gente de fora estimulada por irresponsáveis, baderneiros. As Forças Armadas não participaram”, disse o ministro da Defesa de Lula, abrindo uma avenida para o advogado de Bolsonaro desfilar.

NADA A VER… – Múcio aproveitou para argumentar que a reunião de Bolsonaro com os governadores, principal argumento da acusação, ocorreu em julho de 2022 e nada teve a ver com os ataques golpistas de 8 de janeiro e a inclusão posterior de fatos à ação

“Não dá para dizer que a reunião com os embaixadores foi o acender de um rastilho de pólvora que resultou nos atos de 8 de janeiro” — afirmou Tarcísio Vieira, acrescentando que não está em julgamento, nesse processo, a validade da atuação da direita para a vida política da nação.

“Está em julgamento a reunião com os embaixadores, havida muito antes do início do período eleitoral, em que o presidente, sim, talvez em tom inadequado, ácido, excessivamente contundente, fez colocações sobre sistema eleitoral, aprimoramentos necessários sobre sistema de colhimento de votos”, disse o advogado.

OPORTUNIDADE PERDIDA – Na abordagem da reunião com embaixadores, que é a parte central do processo contra Bolsonaro, ao que parece seu defensor deixou passar a oportunidade de usar outro argumento fortíssimo — as “lives” que o presidente Lula da Silva está fazendo às quartas-feiras, em que incorre em flagrante abuso de poder político, exatamente o crime de que é acusado Bolsonaro.

O pior é que, ao contrário do que Bolsonaro fazia, transmitindo as falas com um cinegrafista a serviço de seu filho Carlos, o Zero Dois, Lula está usando uma equipe profissional da TV Brasil, empresa do governo federal, com participação do conhecido jornalista Marcos Uchoa, que já confessou estar só levantando a bola para Lula cortar, na entrevista vôlei, que tem objetivos claramente político-eleitorais e consome recursos públicos para transmitir propaganda política presidencial.

Como se vê, Lula e Bolsonaro são iguais, partilham a mesma ignorância sesquipedal. Assim, pode-se dar um pelo outro e não querer troco, como se dizia antigamente.

FATOS SUPERVENIENTES -Quanto à chamada minuta do golpe e as mensagens golpistas no celular do ajudante de desordem Mauro Cid, o advogado Tarcísio Vieira argumenta que se trata de fatos supervenientes que representam uma extrapolação do pedido inicial da ação proposta pelo PDT, uma medida semelhante à que levou à rejeição da ação de investigação eleitoral que pedia a cassação da chapa Dilma-Temer, em 2017.

Na julgamento que ameaça afastar o então presidente Temer, a maioria dos ministros, incluindo Tarcísio Vieira, votou por não admitir as provas de caixa dois relatadas nas delações dos executivos da Odebrecht e de ex-marqueteiros do PT, uma interpretação que enfraqueceu a ação e inocentou Dilma e Temer.

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P.S. – A sessão recomeça terça-feira e o advogado de Bolsonaro ainda tem como usar como argumento as “lives” de Lula feitas pela TV Brasil. toda quarta-feira. De toda forma, é o roto falando do esfarrapado, porque os dois são nulidades que se completam, sem levar a nada ou a lugar algum. (C.N.)