segunda-feira, junho 26, 2023

Entenda por que essa cúpula na França não atendeu ao Brasil nem a outros emergentes

Publicado em 25 de junho de 2023 por Tribuna da Internet

 (crédito: EPA)

Lula se posicionou bem no encontro internacional em Paris

Daniela Fernandes
BBC News Brasil

A Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global – uma iniciativa do presidente francês, Emmanuel Macron, com o objetivo de redesenhar um novo sistema de financiamento que permita aos países pobres e em desenvolvimento lutarem contra as mudanças climáticas e a pobreza – encerrada nesta sexta-feira em Paris “não atendeu aos interesses dos emergentes”, mas “serviu como um aquecimento” para o G20, que o Brasil presidirá a partir de dezembro pelo período de um ano, na avaliação de uma fonte da diplomacia brasileira.

O encontro, que contou com a presença de dezenas de chefes de Estado, vários deles de países africanos, teve como um dos temas centrais a necessidade de reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, reivindicação de longa data do Brasil. “Mas a visão em relação à reforma não é a mesma entre países ricos e emergentes”, ressalta um diplomata brasileiro.

MODERNIZAÇÃO – Brasil e outros emergentes pleiteiam uma reforma da governança dessas instituições financeiras, criadas há quase 80 anos nos acordos de Bretton Woods, e também da ONU que permitiram a esses países um papel decisório mais significativo nessas organizações.

O presidente Lula da Silva reiterou isso em um discurso bem aplaudido na cúpula, em uma mesa-redonda com chefes de Estado e de governo e autoridades como a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva.

“Nós aqui precisamos ter claro o seguinte: aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições de Bretton Woods não funcionam mais e não atendem mais às aspirações e nem aos interesses da sociedade”, declarou Lula no encerramento da cúpula em uma mesa-redonda coordenada pela presidente Macron.

É PRECISO MUDAR – Para o petista, o Banco Mundial e o FMI deixam “muito a desejar naquilo que o mundo aspira” dessas instituições financeiras. “Se não mudarmos as instituições, o mundo vai continuar o mesmo. Quem é rico vai continuar rico e quem é pobre vai continuar pobre”, afirmou o presidente.

Segundo o diplomata brasileiro, mesmo sem avanços significativos na cúpula na visão do Brasil, também não ocorreram prejuízos e a presença de países como Brasil, China e economias de menor porte “acabou empurrando o sarrafo para o meio”, colocando em evidência não apenas as mudanças climáticas, mas também o desenvolvimento e o combate à pobreza.

“O diálogo foi positivo e permitiu saber como estão os debates e como os grupos e coalizões estão se posicionando”, diz o diplomata, se referindo ao fato de que o Brasil assumirá a presidência do G20 em primeiro de dezembro.

PROMESSAS ANTIGAS – O governo brasileiro também espera que promessas antigas dos países ricos sejam cumpridas, o que ocorreu apenas em parte nesta cúpula. “Não podemos nos esquecer dos compromissos não realizados”, disse à BBC News Brasil outra fonte da diplomacia brasileira.

É o caso do objetivo de mobilizar US$ 100 bilhões por ano para que os países em desenvolvimento possam enfrentar os efeitos do aquecimento global a partir de 2020, uma promessa dos países ricos realizada na conferência climática da ONU de 2009 e reforçada no Acordo de Paris, em 2015, mas ainda não alcançada.

O prazo inicial para atingir a meta acabou sendo adiado para 2025. “Nós acompanhamos de perto a realização desse objetivo e vamos monitorar para que os países mais vulneráveis recebam uma parte justa desses recursos”, declarou o presidente francês. “Nós fomos muito lentos, não é satisfatório.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Lula é bom em política internacional. Sabe falar grosso e sempre impressiona. Porém, não é nada fácil vencer o imobilismo que favorece os países já desenvolvidos. É preciso muita perseverança(C.N.)