terça-feira, junho 20, 2023

Depois do encontro com o Papa e Macron, Lula deve rever a sua posição sobre a Ucrânia


Lula embarcou na noite desta segunda para a Europa

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva seguiu ontem para Roma para se encontrar com o Papa Francisco no Vaticano, primeiro ato do sumo pontífice depois de sua operação e internação no hospital. Em seguida, Lula segue para Paris onde tem uma agenda marcada com o presidente Emmanuel Macron, da mesma forma que com o Papa, sem uma agenda previamente definida. Mas acredito que será inevitável que os diálogos envolvam a guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa, para a qual ainda não surgiu uma solução capaz de suspender o conflito deflagrado pela Rússia de Putin.

Como o posicionamento tanto do Papa quanto do presidente francês, Emmanuel Macron, está voltado para condenar a invasão pela Rússia, pode-se presumir que depois de Roma e Paris, o presidente Lula reexamine o seu comportamento relativo ao conflito e passe a reconhecer que o governo de Moscou violou o direito internacional com a invasão que está causando profundas consequências com a perda de vidas e mutilações. Além disso, sequestrou crianças ucranianas, levando-as para a Rússia.

EFEITO – Se os encontros com o Papa Francisco e com o presidente Macron não pudessem produzir qualquer efeito em relação à questão da Ucrânia, evidentemente tais encontros não seriam marcados e nem realizados, uma vez que seriam remetidos ao arquivo histórico da perda de tempo. Mas, ao contrário, na minha opinião, para citar Marcel Proust, os encontros de Roma e Paris com Lula representam a busca do tempo perdido no qual desapareceram milhares de vidas humanas.

Os rumos da guerra revelam uma derrota de Moscou, não restringindo essa derrota aos confrontos militares em solo, mas amplamente em plano internacional. A rejeição da opinião pública no mundo inteiro é maciça contra a guerra deflagrada por Putin.

ACUSAÇÃO – O presidente do Itaú, Milton Maluhy, matéria de Matheus Piovesana, o Estado de S. Paulo de domingo, rebateu afirmações feitas pelo dirigente das Lojas Americanas, Leonardo Coelho, que acusou o Itaú, o Santander e as auditoras KPMG e PwC e de terem sido coniventes com as alterações ilegais feitas nos balanços da empresa varejista.

Milton Maluhy negou a participação do Itaú, lembrando que o banco possui um crédito de R$ 3 bilhões junto à Americanas. “Estamos lidando com uma empresa que confessou ter cometido a maior fraude privada da história do país, organizada deliberadamente pela sua própria Diretoria. Foi extremamente incompetente ou conivente”, afirmou.

MERCADO DE TRABALHO – Na edição de sábado, o Estado de S.Paulo publicou reportagem de Renee Pereira e Luiz Guilherme Gerbelli, revelando que no Brasil 11 milhões de jovens entre 20 a 29 anos encontram-se fora do mercado de trabalho. Os dados são de Vandyck Silveira, diretor da Humaitá Digital, e também da FGV Social.

Já toquei nesse assunto há alguns meses. Estão fora da força de trabalho e não podem ser considerados desempregados porque não perderam o emprego. Mas são jovens que não conseguiram ingressar até hoje no mercado de trabalho, e cuja ausência de atividades produtivas reflete diretamente nos níveis de consumo e nas receitas do INSS e do FGTS. Esse contingente humano, a meu ver, deve ser adicionado às análises sociais sobre a questão gravíssima do emprego no país.