domingo, maio 28, 2023

Ao rever a cronologia do golpe, podemos constatar que Moraes age acertadamente

Publicado em 28 de maio de 2023 por Tribuna da Internet

Moraes manda prender bolsonaristas; há dezenas de empresários investigados  | VEJA

Sozinho em cena, Moraes tem agido com o rigor necessário

Roberto Nascimento

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a Polícia Federal retome as investigações sobre a suposta participação do deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) em atos antidemocráticos.

A Polícia Civil gaúcha fez investigações preliminares e concluiu que o tenente-coronel participou da tentativa de golpe, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região não pode prosseguir o inquérito e remeteu os autos para o Supremo, por causa do foro privilegiado do agora parlamentar.

DIZ SER PERSEGUIDO – O coronel está alegando perseguição e retaliação, por ter sido indicado para presidir a CPI do MST. Ora, está valendo tudo para os golpistas se livrarem dos atos ilícitos que praticaram. Estão com medo do ministro Alexandre de Moraes, que tem atuado com rigor.

Agora é tarde, mas lá atrás eles deveriam ter agido corretamente, nos ditames da lei, respeitando quem tem opinião contrária. Mas esses fanáticos foram acometidos pela volúpia do poder a qualquer custo, mesmo que fosse pelas forças das armas.

Tenho absoluta certeza de que o ministro Alexandre de Morais age dentro das quatro linhas da Constituição e saberá usar uma dosimetria adequada para as condenações, sem resquícios de vingança. Vida longa para o ministro do STF.

CRONOLOGIA DO GOLPE – Tenho comentado aqui na Tribuna da Internet, este espaço da Liberdade, que houve uma inquestionável cronologia do golpe.

O planejamento nasceu quando o grupo de militares palacianos, diante das ridículas aparições de Bolsonaro no cercadinho do Alvorada, percebeu que a eleição dele fora um ponto fora da curva, uma conjunção de fatos políticos que em 2018 jogou a direita nos braços de um extremista para derrotar o candidato de Lula.

Obviamente, pela fragilidade intelectual de Bolsonaro, aquelas condições políticas não se repetiriam na eleição de 2022. Assim, um plano alternativo deveria ser costurado, caso se confirmasse a possibilidade cada vez mais real de derrota de Bolsonaro nas urnas, conforme pesquisas de opinião internas, encomendadas pelo grupo palaciano.

COM A PANDEMIA – Veio a Pandemia, que demonstrou o despreparo e a falta de liderança do mandatário, sem condições de liderar a nação em temas sensíveis de proteção da coletividade.

A partir de 2021, Bolsonaro passou a investir contra o Tribunal Superior Eleitoral, com ataques às urnas eletrônicas e ameaças ao Supremo, especialmente aos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes.

Confirmada a derrota no segundo turno, no final de outubro de 2022 começou a ser colocada em prática a parte final da cronologia do golpe. Na diplomação de Lula como candidato eleito, dia 12 de dezembro de 2022, hordas de bárbaros bolsonaristas semearam o terror na capital, Mas a Polícia Militar do governador Ibaneis Rocha não prendeu ninguém.

A BOMBA FALHOU – No dia 24 de dezembro, véspera do Natal, três bolsonaristas falharam ao cometer um atentado terrorista, ao tentarem explodir uma bomba num caminhão de combustível próximo ao aeroporto de Brasília. O artefato explosivo falhou.

E por fim, a derradeira tentativa de golpe, no dia 8 de janeiro de 2023, com a invasão das sedes do Supremo, do Congresso e do Planalto, três símbolos da República. O objetivo era gerar o caos em Brasília, obrigando os militares a intervir para garantir o cumprimento da Lei e da Ordem.

Em todos os cenários, os golpistas tinham como meta, a volta de Bolsonaro ao comando do país, respaldado pelos militares considerados “frotistas”, da ultradireita do Exército.

FRACASSO DO GOLPE – Por que o golpe não deu certo? Simplesmente porque não houve consenso entre a maioria dos os generais do Alto Comando do Exército.

Os militares legalistas impediram o golpe. Os estrategistas do Exército não embarcaram nesta aventura, pelo risco de desintegração da unidade nacional, além da perspectiva do dia seguinte, como ocorrera na fase mais aguda do regime militar pós – 1964.

A lembrança da ditadura pesou na decisão do Alto Comando. Seus membros evitaram o desgaste dos militares, em nome da causa pessoal e injusta dos golpistas. Ponto para os legalistas. Impediram uma tragédia de grandes proporções. A nação esteve sobre o fio da navalha, no limiar da implantação de nova ditadura. Escapamos, mas a ameaça de golpe ainda aparece no radar da política nacional.