Publicado em 31 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Deu em O Globo
Pela primeira vez em cinco anos, as Forças Armadas não divulgaram neste 31 de março mensagem comemorativa do golpe militar de 1964. A prática havia sido retomada, por ordem do então presidente Jair Bolsonaro. O golpe que depôs o então presidente João Goulart completa 59 anos nesta sexta-feira.
Por orientação do Ministério da Defesa, as tropas foram alertadas que haveria punição em caso de qualquer tipo de celebração da data por militares da ativa, o que inclui também postagens em redes sociais.
REGIME FECHADO – O golpe de 1964 depôs o então presidente João Goulart e instaurou no país uma ditadura militar que durou até 1985. O período foi marcado por perseguição, tortura e assassinatos de opositores do regime. O Congresso Nacional foi fechado, e a imprensa, censurada. E não havia eleição para presidente da República.
Foi justamente no primeiro mandato de Lula, entre 2003 e 2006, que o comando do Exército voltou a exaltar a ditadura em uma das edições da chamada “ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964”.
O golpe foi oficialmente removido do rol de datas comemorativas das Forças Armadas em 2011, no primeiro ano do governo Dilma. Na ocasião, o então general da ativa Augusto Heleno foi proibido de fazer uma palestra, no 21 de março, intitulada “A contrarrevolução que salvou o Brasil”. O veto foi atribuído oficialmente ao Exército.
COMEMORAÇÕES – Entre 2019 e 2022, a data foi celebrada pelos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, por meio da leitura da Ordem do Dia e de pronunciamento dos comandantes alusivos à data, o que não foi registrado hoje.
A orientação do Ministério da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, de proibir a comemoração faz parte da estratégia do governo de despolitizar as Forças Armadas.
Os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica acompanharam a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil e possíveis desdobramentos nessa quinta-feira, como manifestações, caminhadas e motociatas, o que poderia reacender os ânimos de militares alinhados.
PASSAGEIRO COMUM – O Comando Militar do Planalto e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) também atuaram para assegurar que a volta de Bolsonaro fosse encarada como o retorno de “de um passageiro comum dos Estados Unidos”, disse um integrante do alto escalão do governo.
O clima nos quarteis também foi de tranquilidade, pois desde os ataques golpistas de 8 de janeiro, os comandantes das Forças Armadas têm lembrado às tropas sobre a função institucional dos militares e a proibição de atuação político partidária, de acordo com um oficial.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em 1964, havia insuflação e desordem pública, realmente, porque Jango perdeu o controle e resolveu governar autoritariamente por decretos, sem ouvir o Congresso. Assim, o golpe militar deveria ter ocorrido para restaurar a democracia, jamais para sepultá-la. (C.N.)