Publicado em 31 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Na noite de domingo, o Fantástico da TV Globo divulgou uma reportagem impactante, focalizando a situação de extrema maldade e carência em que se encontra o povo Yanomami no Norte do país, na realidade, condenado à morte pela fome, pelas doenças e pela presença do garimpo ilegal que explora sem limites as áreas indígenas do Brasil. A reportagem alcançou uma repercussão nacional enorme e também internacional de grande proporção.
Os acontecimentos hediondos que se acumularam nos últimos anos são de responsabilidade do governo Jair Bolsonaro que não fez o mínimo para evitar a catástrofe humana que choca e está chocando grande parcela da população mundial. Decretar a morte de seres humanos pela fome, pelas doenças, pela contaminação e pelo desprezo, formam no conjunto o que os nazistas colocaram em prática nos campos de extermínio e na ocupação de diversos países da Europa.
OMISSÃO – Não há como alguém deixar de se revoltar com a omissão total de um governo que sempre se voltou contra as reservas de tribos indígenas, ignorando que os índios da Amazônia e de outras regiões brasileiras são parte descendente das populações originárias que se encontravam em nosso território antes de 1500. O governo agiu com o propósito de explorar e permitir a exploração de áreas que através dos séculos atraem os garimpeiros ilegais e os madeireiros que abatem árvores centenárias e com isso atacam a atmosfera do próprio planeta Terra.
No caso dos yanomamis, o descaso é gravíssimo, inédito no Brasil, sobretudo baseado na inércia de um governo que se tornou adversário não só da vacinação, mas também da população das áreas verdes do Norte do país, cuja preservação, na realidade violada, é cada vez mais fundamental para o futuro tanto do Brasil quanto da própria humanidade.
O governo Bolsonaro tratou a questão indígena com frieza e a questão ambiental também não foi levada a sério. Os sinais de alarme se fizeram sentir nas últimas conferências sobre o clima, nos debates da ONU e na importância do Acordo de Paris contra o desmatamento irresponsável, cujo processo prosseguiu no sentido da exterminação, tanto dos povos, quanto do verde.
ATOS GOLPISTAS – Bernardo Mello e Vitória Alves, O Globo, revelam que praticamente 25% da bancada do PL eleita em outubro de alguma maneira insuflou ou se omitiu diante da invasão golpista em Brasília, havendo casos de que alguns parlamentares eleitos participaram diretamente da selvageria. Impressionante a irresponsabilidade. No fundo, agiram contra si próprios, atacando o sistema eleitoral que os elegeu.
O objetivo era o golpe militar e a implantação de uma ditadura, esquecendo-se que numa ditadura não há lugar para mandatos parlamentares. Impressiona, portanto, o caráter destrutivo que habita a consciência de pessoas que agem assim. Um desastre completo. Principalmente para eles mesmo que só conseguem interpretar os próprios atos olhando suas próprias figuras no espelho político.
AMERICANAS – Na edição de domingo da Folha de S. Paulo, Thiago Bethônico publicou excelente matéria sobre empresas devedoras no mercado financeiro, a começar pelas Lojas Americanas, frisando que elas devem enfrentar uma recuperação judicial mais difícil. Recuperação judicial é um processo em que o devedor propõe aos credores parcelar a dívida em determinado prazo e se obriga a depositar parcelas mensais relativas aos montantes dos compromissos.
Qualquer atraso em pagamento mensal estabelecido por acordo, extingue a recuperação judicial e leva à decretação da falência. A reportagem reúne um grupo de empresas que se encontram em recuperação judicial e cuja dívida é altíssima. As Americanas devem R$ 43 bilhões, principalmente a bancos. A Odebrecht tem uma dívida de R$ 80 bilhões. A Oi deve R$ 65 bilhões. A São Marco Mineradora, responsável pela tragédia de Mariana, deve R$ 55 bilhões. E a OGX, que atua na área do petróleo, deve R$ 22,5 bilhões.
Uma pergunta deve ser colocada, além das dívidas junto a bancos, que foram emprestando sem avaliar a capacidade de recebimento, é se esses grupos empresariais recolheram ou não as contribuições para o INSS e para o FGTS. Se não recolheram, estão prejudicando milhares de trabalhadores e trabalhadoras. É um caso, inclusive, de incluir esses débitos nas próprias recuperações judiciais comprometidas.