sábado, dezembro 31, 2022

Pelé flutuou livre entre a distância e o tempo, e entre o tempo e a bola

Publicado em 31 de dezembro de 2022 por Tribuna da Internet

Pelé fez dos campos o seu palco e a sua própria vida

Pedro do Coutto

Pelé viajou para a eternidade onde ela já o esperava com um lugar marcado pelo seu desempenho no futebol e na vida, tornando-se, agora se confirma, a figura mais conhecida do mundo. Jornais de todos os países deram grande destaque à sua morte e reviveram momentos passados no universo do esporte, encantando gerações, acrescentando um brilho excepcional à história do futebol e das conquistas.

Revelado por Waldemar de Brito, um craque do passado que atuava pelo Flamengo e encerrou a sua carreira no Palmeiras, chegou aos gramados de Bauru e depois do Santos, onde será velado antes do seu sepultamento no dia 3 de janeiro. Apresentou o seu talento e com pouco menos de 18 anos foi convocado como reserva para a seleção brasileira de 1958. Mas na terceira partida houve quatro substituições em nossa equipe.

VERDADEIRO MITO  – Garrincha substituiu Joel do Flamengo, Vavá entrou no lugar de Mazzola, Zito no lugar de Dino Sani e Pelé substituiu Dida do Flamengo no ataque. Chegou à seleção e não saiu mais. Pelo contrário, transformou-se num mito, em um jogador que atuou em quatro Copas do Mundo, e tornou-se o maior goleador da seleção brasileira de todos os tempos.

Num episódio marcante de sua vida, ele lembra que aos 10 anos viu o pai chorando porque o Brasil perdeu a Copa de 1950 no Maracanã. Pelé disse ao pai, como num presságio, que ganharia uma Copa para ele. Oito anos depois, o destino confirmou a versão, concretizando-a. É preciso acentuar a emoção de Pelé ao contar esse fato em meio à edição magnífica da TV Globo revendo a passagem do craque pelos gramados e pela vida.

Numa das sequências, a imagem do gol de Gigia em 1950, quando o Uruguai derrotou o Brasil por 2 a 1. Pelé flutuou livremente pelos caminhos do futebol, o esporte mais popular do planeta. Ele se tornou um símbolo e viverá para sempre como uma lenda das histórias de bola. A sua imagem permanecerá ao longo dos tempos e servirá de inspiração para os craques de hoje e para os que ainda surgirão. Fantástico o rei Pelé e a comoção que causou. Presidentes, chefes de Estado, ministros, artistas, jornalistas, craques do passado e do presente se manifestaram. Pelé fez dos campos o seu palco e a sua própria vida, encantando estádios e isso permanecerá para sempre.

DESPEDIDA – air Bolsonaro, provavelmente em seu último ato enquanto presidente, fez uma live condenando a colocação da bomba em um caminhão perto do Aeroporto de Brasília, em uma tentativa de reproduzir historicamente o atentado do Rio Centro em 1981, pela iniciativa de George Washington, bolsonarista, afirmando não ter o menor cabimento.

Condenou também as manifestações e os protestos em frente aos quartéis. Enfim, assinou esse seu último ato no impulso de salvaguardar a sua imagem e atribuir a responsabilidade, inclusive pelo seu silêncio, aos que o acompanharam até o extremo de seu mandato.

DÉFICIT PÚBLICO –  Em uma ampla entrevista à Miriam Leitão, ocupando duas páginas da edição de O Globo de quinta-feira, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o orçamento aprovado pelo Congresso para 2023 (no total de R$ 5,3 trilhões) coloca a existência de um déficit de R$ 220 bilhões nas contas públicas. Ele afirmou que esse déficit não acontecerá.

Entre as medidas que destacou como parte da contenção de gastos incluiu a retirada de 2,5 milhões de pessoas cadastradas no Bolsa Família, fato decorrente da concessão indevida do benefício, portanto, de fraudes. Assegurou que vai rever isenções tributárias, muitas das quais concedidas sem obtenção de resposta social. As desonerações serão revistas.

PASSIVO – Mas é preciso, digo, que sejam cobrados devidamente os tributos, incluindo as contribuições empresariais para com o INSS que ao longo do tempo se transformaram em um passivo incobrável. “Vamos arrumar a casa”, frisou Haddad.

Quanto à redução do déficit de R$ 220 bilhões, de maneira estrutural é possível que ele consiga realizar. Mas no campo concreto é difícil, pois nas contas do chamado superávit primário não estão computadas as despesas com o pagamento de juros com base na taxa Selic de 13,75% ao ano sobre a dívida brasileira.

Haddad acrescentou também que no momento atual o mais importante é harmonizar a política fiscal com a política monetária. A Economia foi desorganizada por finalidades eleitorais. A impressão que tenho é que ela reagirá e irá ressurgir.