Publicado em 3 de dezembro de 2022 por Tribuna da Internet
Carlos Marchi
Na campanha, ao ver crescer a adesão à extrema-direita, Lula e o PT convidaram Geraldo Alckmin para vice. Era o primeiro sinal para construir uma frente ampla pela democracia. Detonadas as possibilidades de terceira via, Lula seguiu seduzindo apoios do centro e da centro-esquerda.
Aí começou a propor objetivamente uma frente ampla contra o extremismo de direita. Fez isso porque sentiu que sua vitória, antes tão decantada, seria impossível sem esse tipo de apoio.
VENCEU ASSIM – O centro e a centro-esquerda aceitaram a proposta. E Lula seguiu incentivando opiniões de economistas liberais. Insinuava que governaria com eles. Venceu a eleição graças a esse apoio desassombrado e leal do centro e da centro-esquerda.
Não fosse por eles, não venceria. Ao vencer, nomeou Alckmin coordenador da transição.
Pois bem, assentada a vitória, Lula começa, em fogo brando, a cozinhar o centro e a centro-esquerda. Deixa claro: não vai governar com frente ampla coisíssima alguma. Vai governar com o radical Fernando Haddad na Fazenda.
NOVIDADE NÃO É – O PT (e toda a esquerda brasileira) nunca soube governar em alianças paritárias. Só consegue governar impondo sua hegemonia. Sempre foi assim.
O próximo passo será, devagarmente, tirar o tapete de Alckmin. Ao explodir a frente ampla que construiu sua vitória, Lula lançará fora de seu governo a frente ampla que lhe deu a vitória.
E, ao mesmo tempo, estará botando sobre o fogo a frigideira em que será fritado.
Lá atrás escrevi aqui que Lula apoiaria a reeleição de Artur Lira na presidência da Câmara. Favas contadas. Agora vem a confirmação: não só apoiará formalmente, como logo começará a fazer vista grossa para o orçamento secreto.
Lula adora compactuar com uma indecência. No caso, compactuará logo com duas, a um só tempo.