sábado, novembro 26, 2022

Bolsonaro monta uma trincheira no Senado para enfrentar o Supremo a partir de 2023


Bolsonaro quer Rogerio Marinho como presidente do Senado

Bruno Boghossian
Folha

Enquanto tenta agitar as ruas com falsas suspeitas sobre as eleições, Jair Bolsonaro se mexe para montar uma trincheira no Senado a partir de 2023. O presidente e seus aliados intensificaram as articulações para emplacar no comando da Casa um parlamentar que tope emparedar o STF quando o capitão deixar o poder.

A escolha de um presidente do Senado bolsonarista é tema de diversas reuniões em Brasília. A maior parte dos encontros é liderada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele deixou claro aos potenciais integrantes da aliança que o principal objetivo é mandar um recado ao STF.

UM OBSTÁCULO – A turma do presidente sempre demonstrou interesse em remover Rodrigo Pacheco (PSD-MG) da chefia do Senado. O parlamentar mineiro é visto como um obstáculo a pedidos de impeachment de ministros do Supremo e outras medidas para limitar o poder da corte.

Esses políticos entendem que a escolha de um bolsonarista para o posto não precisa necessariamente culminar na derrubada de ministros do STF, mas pode pressionar a corte a exercer uma autocontenção.

Em uma conversa recente com Flávio, integrantes do grupo afirmaram que o objetivo seria traçar uma linha no chão: convencer o STF a encerrar inquéritos em andamento contra bolsonaristas, enterrar os atritos do passado e responsabilizar o tribunal apenas por novas decisões que eles considerarem abusivas.

FATOS DO PASSADO – O escolhido para exercer a função é o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro. No fim de outubro, ele deu uma pista da proposta em entrevista a uma rádio potiguar. “Eu não posso jogar sobre fatos pretéritos”, afirmou. “Eu só posso me debruçar sobre casos que ocorrerem de fevereiro em diante.”

Marinho se reuniu com Bolsonaro na quarta-feira (23). Ele é o favorito porque critica a conduta dos ministros do Supremo, mas também é um representante da velha política.

Aliados acreditam que ele pode conquistar votos no Senado graças às generosas verbas das emendas de relator que sua pasta distribuiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É um sonho atrás do outro. Como diz o jornalista Merval Pereira, ao invés de estruturar e liderar a oposição a Lula, Bolsonaro quer se vingar de Alexandre de Moraes. Parece brincadeira. (C.N.)