segunda-feira, outubro 31, 2022

Em meio às fake news políticas, a verdade sobre a aposentadoria de servidores civis

Publicado em 31 de outubro de 2022 por Tribuna da Internet

INSS quer liberar pedido de aposentadoria pela internet - Sintsprev MG

Charge do Bier (Arquivo Google)

Paulo Peres

Os dois candidatos falaram muitas asneiras sobre a questão das aposentadorias e pensões. Por isso, é necessário uma nota de esclarecimento àqueles que desconhecem os fatos, entre os quais se incluem os dois candidatos que disputaram este domingo a sucessão presidencial, pois nenhum dos dois sabia o que estava falando.

De início, é preciso distinguir as privilegiadas aposentadorias dos militares e o resto – os servidores civis federais, estaduais e municipais, assim como os trabalhadores regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Para entender melhor a questão, vale a pena ler esta Nota de Esclarecimento, escrita por uma colega servidora pública, que paga caro para ter aposentadoria futura.

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NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE APOSENTADORIAS
Elizabete Craveiro Rodrigues

Como servidora estadual no Rio de Janeiro, paguei 11% sobre meus vencimentos e agora pago 14% para ter a integralidade do meu salário ao me aposentar.

Após a aposentadoria, continuarei pagando 14% dos meus vencimentos para ajudar na aposentadoria da próxima geração. É uma contribuição que deixa de ser paga pelo trabalhador da CLT, quando se aposenta, porque ele tem teto máximo, recebe mesmo do que os servidores de funções gratificadas.

Ah, e pago 27,5% de Imposto de Renda. Jamais tive direito a Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e sim, acreditem, já fiz muita hora extra sem nada receber (ou seja, trabalhei de graça para toda a sociedade), pois servidor público concursado recebe salário de acordo com sua categoria e com os descontos acima.

NÃO TENHO CULPA – Se o Governo está em crise, a culpa não é minha. E lembrando: sou servidor público. Nenhum político me deu esta vaga, não teve conchavo e nem trapaça!

Estudei muito para poder conseguir a esta vaga e, mais ainda, para ser aprovado no concurso público que prestei.

Recebo por aquilo que trabalho, e, muitas vezes, trabalho bem mais do que recebo, inclusive comprando material para trabalhar.

DEDICAÇÃO E ESTUDOS – Trabalho pela melhor gestão dos recursos públicos e sempre com o máximo de eficiência, ética e moral. Meu salário é fruto de dedicação, suor e de muito investimento (muito) em estudos.

Apesar de existir uma minoria privilegiada (deputados, governadores, vereadores, prefeitos, senadores, assessores e muitos comissionados etc), sim, como em qualquer área, é injusto ver campanha na mídia desmoralizando o servidor público.

Não são os salários dos servidores públicos – com Imposto de Renda descontado na Fonte – que quebram a Previdência, nem é o servidor público que quebra as finanças do Estado.

VERDADEIROS MOTIVOS – A quebra da Previdência e das finanças públicas é resultado de renúncias fiscais, da não cobrança dos grandes devedores, muita corrupção, muitos assessores e penduricalhos dos cargos eletivos, apadrinhamentos, cargos de “confiança”, uso dos recursos com desvio de finalidade, de má administração e, mais ainda, falta de gestão dos recursos públicos há décadas!

Detalhe: não tenho a verba paletó, verba viagens, verba dentista, nem para mim e nem para minha família. Se alguém me substitui, essa pessoa não tem direito a aposentadoria. Esses direitos são exclusivos de políticos que nós cidadãos elegemos e pagamos para eles fazerem as próprias leis em seus benefícios e nos representar. Portanto estas leis precisam ser refeitas pelos cidadãos.