Corte ocorre um dia após a empresa de gás letã afirmar que seguia pagando a Rússia em euros, e não em rublos, como requerido por Moscou. Países da UE se preparam para novos cortes no fornecimento de energia russa.
A estatal russa de gás Gazprom afirmou neste sábado (30/07) que interrompeu o fornecimento do combustível para a Letônia, país báltico membro da União Europeia (UE), acusando-o de violação das condições de compra.
"Hoje, a Gazprom suspendeu seu fornecimento de gás à Letônia (...) devido a violações das condições", disse a empresa no Telegram. Não foi especificado qual condição havia sido violada.
O corte ocorreu um dia após a empresa de energia letã Latvijas Gaze ter informado que estava comprando gás da Rússia e pagando em euros, e não em rublos, como requerido por Moscou.
Em março, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que os países considerados hostis a Moscou teriam que pagar em rublos pelo gás. Foi uma resposta ao congelamento de ativos da Rússia por nações do Ocidente em função da guerra na Ucrânia.
Corte em outros países
A Rússia já havia cortado o fornecimento de gás à Polônia, Bulgária, Finlândia, Holanda e Dinamarca, por se recusarem a cumprir as exigências de pagamentos em rublos.
A UE tem enfrentado críticas por ter continuado a comprar gás da Rússia, sob a alegação de que o dinheiro arrecadado por Moscou continua a financiar a guerra na Ucrânia. Na sexta-feira, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse à DW que superar a dependência da energia russa não era algo que poderia ser alcançado da noite para o dia no bloco.
"[As importações de energia russa] eram 40% antes da guerra, agora são 20% (...), mas ninguém pode pedir às economias europeias que cortem o fornecimento de gás da noite para o dia", disse Borrell. "Não podemos fazer milagres."
Plano de economia
Na terça-feira, a UE aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. Moscou vem reduzindo progressivamente suas entregas de gás para o bloco e poderia em breve interromper totalmente o fornecimento.
O plano estabelece uma meta voluntária de redução de 15% do consumo de gás do início de agosto deste ano até o final de março de 2023, e dá ao Conselho da UE, que representa os países-membros, o poder de impor, por maioria de votos, um estado de emergência no bloco caso seja necessário, o que tornaria obrigatória a meta de economia.
Caso a meta de redução torne-se obrigatória, ela será adaptada à situação de cada país graças a uma série de exceções, levando em conta o nível das estações de armazenamento de gás e se o país está conectado à rede de gasodutos da UE.
Menos gás
Na segunda-feira, a Gazprom também anunciou mais um corte no fornecimento de gás natural para a UE por meio do gasoduto Nord Stream 1, que vai da Rússia até a Alemanha, alegando reparo de equipamentos.
A estatal russa está enviando agora diariamente apenas 33 milhões de metros cúbicos de gás pelo gasoduto, o que representa apenas 20% de sua capacidade total de fornecimento e metade do que estava sendo entregue.
Segundo a Gazprom, a operação de uma das turbinas havia sido suspensa devido a "condições técnicas da máquina", que será submetida a reparos.
A comissária da UE para Energia, Kadri Simson, porém, rejeitou a justificativa russa. "Sabemos que não há um motivo técnico para fazer isso", disse. "Trata-se de uma medida com motivação política e temos que estar prontos para isso, e exatamente por esse motivo a redução preventiva de nossa demanda por gás é uma estratégia sensata."
Deutsche Welle