sábado, julho 30, 2022

Policiais visitam hospitais para checar se arrumação de centros cirúrgicos permitiria que anestesista estuprasse pacientes

 


Investigadores da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti vão visitar os centros cirúrgicos de hospitais — principalmente os da rede pública — onde o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, atuou nos últimos meses, para analisar os espaços e descobrir se neles era ou não possível que o médico abusasse das vítimas. Na última semana, os agentes da especializada estiveram no Hospital Mário Kroeff, na Penha, onde Bezerra realizou 21 cirurgias como anestesista. Foi a direção da unidade médica que mandou para a Deam de São João a quantidade de procedimentos feitos por Bezerra. Nesse montante, não há apenas partos.

Espancamento: Polícia afasta inspetor acusado por ex-companheira de agressão em delegacia

No estacionamento de shopping: Polícia identifica motorista de aplicativo que furtou rodas de carro

A configuração da sala de cirurgia do Mário Kroeff, segundo policiais, impediria que o anestesista abusasse de pacientes, já que a maca cirúrgica fica no meio do espaço e numa posição que possibilita que todos os presentes se movam no local, impedindo assim os crimes. Nos próximos dias, os agentes da Deam irão aos Hospitais da Mãe, em Mesquita, e da Mulher, em São João de Meriti, ambos na Baixada.

Enquanto isso, a Deam segue apurando a denúncia de seis mulheres que apareceram na unidade para denunciar o médico. Essas denúncias fazem parte do segundo inquérito instaurado para apurar a suspeita de outros crimes praticados pelo médico.

Em relação ao inquérito do vídeo, a Deam espera o resultado da consulta técnica feita ao Instituto Médico-Legal (IML) sobre as imagens e do prontuário médico da mulher abusada. Os policiais querem entender se a quantidade de sedação aplicada por Bezerra à vítima a deixaria naquele estado de paralisia.

Quatro hospitais

Enquanto isso, vem à tona a quantidade de cirurgias feita pelo médico na rede pública do estado. Foram 90 cirurgias cesarianas em quatro hospitais geridos pelo governo estadual, entre maio de 2021 e julho de 2022. A informação consta em um ofício da Secretaria estadual de Saúde (SES) do Rio, emitido por meio da Subsecretaria de Atenção à Saúde, em uma resposta a um questionamento da Defensoria Pública fluminense sobre o caso.

Segundo a SES, a maioria dos partos realizados pelo médico não ocorreu no Hospital estadual Heloneida Studart, onde ele foi filmado e flagrado pela equipe de enfermagem ao estuprar uma paciente, o que levou à prisão. Nesse local, ele realizou 29 partos cesáreos. Segundo o relatório, a maior parte dos procedimentos ocorreu no Hospital estadual da Mãe, em Mesquita, também na Baixada Fluminense: foram 37 partos.

Já na cidade vizinha, em Duque de Caxias, ele realizou nove cesáreas no Hospital municipal Adão Pereira Nunes. Os outros 15 partos ocorreram no Hospital estadual Azevedo Lima, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

YAHOO