segunda-feira, maio 30, 2022

Voto consolidado e temor de golpe são obstáculos para Bolsonaro nas urnas

Publicado em 30 de maio de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Bira Dantas (humorpolitico.com.br)

Pedro do Coutto

Uma nova pesquisa do Datafolha comentada por Lucas Mathias, Gabriel Sabóia e Sérgio Roxo, O Globo deste domingo, revela que 70% do eleitorado já se dizem decididos a votar nos candidatos que escolheram nas eleições de 2 de outubro. Com isso, restam poucas alternativas na minha opinião para uma mudança radical no comportamento do eleitorado, o que representa não só uma barreira para Jair Bolsonaro, mas também um empecilho total para as candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet.

Isso porque o próprio Datafolha revelou na última semana que Lula lidera com 48% das intenções de voto contra 27% do atual presidente da República. Não há espaço, portanto, para nenhuma outra via, sobretudo para a terceira na qual reside a esperança vã de Ciro e Tebet.

OUTRA BARREIRA – É uma pena Simone Tebet perder o mandato de senadora nas eleições que se aproximam, pois o seu mandato de oito anos termina agora. Mas há uma outra barreira contrária, especialmente à candidatura de Jair Bolsonaro. Essa barreira está localizada na reportagem de Joelmir Tavares, Folha de S. Paulo de domingo, com base também do Datafolha, a qual revela que 56% dos eleitores e eleitoras do país consideram que é necessário, no atual quadro político brasileiro, levar a sério as ameaças de um golpe militar na hipótese dele ser derrotado por Lula da Silva.

Como a hipótese da derrota de Boslonaro é muito alta, conforme os números das pesquisas, cresce a preocupação com um desfecho contra a democracia na perspectiva de uma vitória do ex-presidente Lula da Silva que assim retornaria ao Palácio do Planalto.

FAKE NEWS – A preocupação do eleitorado tem base na realidade dos fatos, uma vez que as correntes bolsonaristas têm atuado intensamente nas redes sociais na tentativa de criar dúvidas quanto a computação dos votos pelo sistema adotado pela Justiça Eleitoral que funciona no país desde 1996.

Os ataques às urnas eletrônicas fazem parte de uma estratégia clara do bolsonarismo de tentar criar uma sombra de dúvida na qual se esconderia uma fraude eleitoral gigantesca, pois a margem de votos que Lula está tendo sobre Bolsonaro impede por si qualquer tentativa de fraudar os resultados.

Não é possível que tal fato aconteça. Ao contrário, as urnas eletrônicas são uma segurança contra a fraude. E, além do mais, não tem o menor cabimento, não possui a menor lógica a afirmação de que uma fraude eleitoral ocorreu contra o governo que se encontra no poder.

TSE – Quanto às investidas contra as urnas eletrônicas desencadeadas pela corrente bolsonarista, como focaliza Guilherme Caetano, O Globo, creio que sejam um problema para o Tribunal Superior Eleitoral, presidido pelo ministro Edson Fachin.

De forma geral, considerando que as redes sociais são abertas a todos, transformando cada um em editor de si mesmo, sou de opinião que o caminho prático dos atingidos, no caso das urnas eletrônicas do TSE, seria pedir direito de resposta aos sites e plataformas que divulgam as notícias e opiniões falsas. O direito de resposta levaria os sites e as plataformas a repensar sobre a questão.

OFENSIVA ELEITORAL –  Reportagem de Juliana Sofia, Fábio Pupo e Julia Chaib, Folha de S. Paulo de ontem, revela que embora acumule derrotas em série à frente do Ministério da Economia, o ministro Paulo Guedes, por incrível que pareça, foi incluído numa equipe encarregada de uma ofensiva eleitoral visando a inverter a tendência  até hoje demonstrada de votos que separam Lula da Silva e Bolsonaro.

O problema da votação de Bolsonaro não depende, no meu modo de ver, dessa ou daquela pessoa, dessa ou daquela oferta de serviços e até de benefícios sociais. O problema não reside somente aí. É geral. Reside nesses pontos, mas não só neles, e de forma mais abrangente no comportamento geral do presidente da República.

CHOQUES – Bolsonaro só pode reverter votos perdidos na estrada que separa as urnas de 2018 das de 2022 se fosse possível reverter a política que vem adotando há mais de três anos de choques constantes, ameaças na atmosfera política, participação em manifestações em Brasília contra o STF, conflitos com os ministros do Supremo, entre outros.

Enquanto aos motivos que deram margem à vantagem de Lula da Silva não forem reformulados, os votos dos eleitores e eleitoras também não serão modificados. A modificação depende da atuação do próprio Jair Bolsonaro. Ele é o maior adversário de si mesmo.

MACHISMO – Excelente a matéria escrita por Thayz Guimarães, O Globo deste domingo, sobre o caráter negativo do machismo, acentuando que ele conduz à opressão de um gênero sobre o outro, gerando problemas emocionais graves, tanto para as mulheres, quanto até mesmo para os homens que são vítimas da própria insegurança que predomina nesta facção humana lamentável.

O machismo, acentua a matéria, produz impactos profundos, entre eles a baixo autoestima, a insegurança e a depressão, além de outras consequências que inibem impulsos, sobretudo no plano do sexo e na vida profissional.

Na minha opinião, a violência contra a mulher tem raízes profundas na insegurança e no sentimento de supremacia, como acontece também, especialmente nos Estados Unidos, de uma raça sobre outra.