Publicado em 30 de março de 2022 por Tribuna da Internet
Charge do Pelicano (Arquivo Google)
Carlos Newton
Nesta terça-feira, abordamos aqui na Tribuna da Internet a modificação editorial ocorrida na grande mídia (impressa ou digital), pois agora os donos dos veículos de comunicação não conseguem mais controlar o que sai publicado. Hoje, voltamos ao assunto da abertura jornalística, digamos assim, que é uma democratização alvissareira, mas há excessos que precisam ser filtrados, e justamente por isso introduzimos aqui na Tribuna a prática da chamada tradução simultânea.
Quando se fala em filtragem das matérias (reportagens, notas e artigos), essa eliminação de resíduos se torna absolutamente necessária devido ao número enorme de informações manipuladas, que são semelhantes aos antigos factoides, que hoje em dia são chamados diretamente de fake news – notícias falsas, com objetivo de enganar e induzir o leitor.
EXEMPLO ATUAL – Nessa campanha eleitoral, por exemplo, tem sido publicado um número enorme de informações que visam a desestimular os eleitores que não aceitam votar em Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), por motivos mais do que óbvios e conhecidos, desculpem a redundância.
O objetivo maior – já se sabe – é manter a polarização, que interessa diretamente a Lula e Bolsonaro, que têm maiores chances de vitória se seguirem juntos ao segundo turno. O PT e seus aliados querem se beneficiar da rejeição ao bolsonarismo, enquanto o PL e o Centrão pretendem atrair os votos de quem não suporta o lulopetismo.
Nos últimos dias, a situação indefinida do governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) foi usada e abusada para dividir a terceira via e fortalecer a polarização.
“PLANTAÇÃO” MASSIVA – Foi impressionante o que se plantou de notícias sobre o governador gaúcho. Repórteres e analistas foram usados para difundir informações dando conta de que Eduardo Leite iria disputar a candidatura contra João Doria na convenção do PSDB.
Publicaram também que Leite estaria sendo apoiado por outros partidos (União Brasil, MDB e Cidadania), que estariam aguardando a desistência de João Doria para apoiar Eduardo Leite, que justamente por isso teria desistido de se filiar ao PSD. Foi um verdadeiro festival de fake news eleitoreiras.
No final, Eduardo Leite ficou no PSDB, respeitou a decisão das prévias e até telefonou para João Doria. Mesmo assim, o noticiário insiste em proclamar que o governador gaúcha continua candidato, porque “a articulação envolve outros partidos”.
DORIA NÃO DESISTE – É tudo conversa fiada, Leite só poderia ser candidato se Doria desistisse. Mas as notícias e análises não informam que Doria não pode desistir, porque isso poderia destruir sua carreira. Mas lá frente, nada impede que abra mão na fase final do acordo pluripartidário para candidatura única da terceira via, que vem sendo negociado por União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania, mas já tem participação direta e ativa também do PDT e do Podemos, com apoio do partido Novo, que sempre defendeu essa tese.
Não há impedimento para que Doria se candidate novamente ao governo de São Paulo, a lei permite, mas quem se interessa? Da mesma forma, Leite também pode se candidatar ao governo do Rio Grande do Sul, e o registro das candidaturas só se esgota em 15 de agosto, falta tempo à beça.
Os sete partidos que negociam a candidatura única vão escolher quem tiver mais chances. Mas a mídia polarizada não quer acreditar e vive inventando teorias conspiratórias.
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P.S. – As fake news plantadas para desarticular a terceira via atingem também Ciro Gomes e Sérgio Moro. Neste final de semana, por exemplo, saiu uma notícia de que “a desistência da pré-candidatura de Sérgio Moro ao Palácio do Planalto pelo Podemos depende apenas de uma saída honrosa”. Dizia, ainda, que não há recursos para a campanha e “uma das soluções seria Moro aceitar justamente concorrer ao posto de deputado federal, como um puxador de votos”.
Caramba! A criatividade desse pessoal não é brincadeira. A gente fica na dúvida se é noticiário político ou humorístico. Assim, até 15 de agosto vamos ter de encarar uma fake news atrás da outra, contra a terceira via. Sem falar nas pesquisas eleitorais, é claro, que são tipo Piada do Ano. (C.N.)