quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Ucrânia declara estado de emergência




Governo convoca cidadãos a voltarem da Rússia

Por Pavel Polityuk e Polina Nikolskaya 

Kiiev e Donetsk - A Ucrânia declarou estado de emergência nesta quarta-feira (23) e pediu que seus cidadãos na Rússia deixem o país, enquanto Moscou começou a esvaziar sua embaixada em Kiev no último e sinistro sinal para os ucranianos que temem um ataque militar completo da Rússia.

Os bombardeios foram intensificados na fronteira leste da Ucrânia, onde o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência de duas regiões rebeldes apoiadas por Moscou nesta semana, e decretou o destacamento de tropas russas como "mantenedores da paz".

Mas ainda não havia indicações claras sobre se ele planeja seguir essa medida com um ataque ao país vizinho com milhares de soldados acumulados nas regiões de fronteira com a Ucrânia.

O clima de incerteza afetou os mercados financeiros, mas o preço do petróleo caiu na quarta-feira, os mercados globais interromperam uma tendência de queda de quatro dias e a demanda por ativos seguros diminuiu enquanto líderes ocidentais e a Ucrânia aguardam a próxima jogada de Putin.

"Prevendo o que pode ser o próximo passo da Rússia, dos separatistas ou as decisões pessoais do presidente russo, eu não posso dizer", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.

Além do estado de emergência de 30 dias, o governo ucraniano anunciou que haverá serviço militar obrigatório para todos os homens em idade de combate. Os websites do Parlamento, do gabinete e do Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia estão fora do ar. Os websites do governo passaram por várias quedas nas últimas semanas, por conta do que o governo de Kiev classifica como ataques digitais.

Moscou nega planejar uma invasão e descreveu os alertas como histeria anti-Rússia, mas não tomou medidas para retirar as tropas organizadas ao longo das fronteiras com a Ucrânia.

Nesta quarta-feira, a Rússia removeu suas bandeiras da embaixada em Kiev, depois de ordenar que os diplomatas se retirassem por razões de segurança.

Os Estados Unidos e seus aliados revelaram mais sanções contra a Rússia, e deixaram claro que estão mantendo medidas mais duras guardadas para o caso de uma invasão em escala total.

As sanções da União Europeia (UE) aprovadas na quarta-feira irão incluir em uma lista negra todos os membros da Câmara inferior do Parlamento russo que votaram pelo reconhecimento das regiões separatistas na Ucrânia, congelando seus ativos e proibindo viagens a países do bloco.

Líderes da UE também irão fazer uma cúpula de emergência nesta quinta-feira (24) para discutir o que fazer em seguida.

Reuters / Agência Brasil

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Embaixada pede que brasileiros não visitem províncias na Ucrânia

Orientação é deixar Luhansk e Donetsk sem demora

Por Jonas Valente 

A Embaixada do Brasil na Ucrânia recomendou, nesta terça-feira (23), que brasileiros não viagem para as províncias separatistas Luhansk e Donetsk. A orientação foi divulgada por meio do perfil da embaixada no Twitter. “Aconselha-se aos cidadãos que já estejam nessas regiões que considerem deixá-las sem demora”, alertou a publicação.

A Ucrânia declarou hoje estado de emergência e pediu que seus cidadãos na Rússia deixem o país, enquanto Moscou começou a esvaziar sua embaixada em Kiev, capital ucraniana. Os ucranianos temem um ataque militar completo da Rússia.

Entenda

Luhansk e Donetsk foram reconhecidas na última segunda-feira (21) como independentes pelo governo russo. Com a medida, as províncias não são mais reconhecidas como território ucraniano, o que abre espaço para a livre movimentação de tropas russas. O presidente Vladimir Putin enviou tropas aos locais, classificadas por ele como tropas de paz.

No Conselho de Segurança da ONU, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, condenou a decisão da Rússia. Segundo ele, a medida desafiou as normas e os princípios da lei internacional e a integridade da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionais reconhecidas.

Sanções

Ontem (22), em coletiva de imprensa, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o envio de tropas russas às províncias marca o início da invasão da Ucrânia pelo país. O líder norte-americano e aliados também anunciaram sanções econômicas contra a Rússia.

Brasil

No início da semana, o embaixador brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU), Ronaldo Costa Filho, fez uma declaração no Conselho de Segurança da entidade defendendo uma “solução negociada” entre Ucrânia e Rússia, que leve em consideração "os legítimos interesses de segurança" de ambos os países e o respeito aos princípios defendidos pelas Nações Unidas.

O embaixador apelou “a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno”.

Reuters / Agência Brasil

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Ucrânia declara estado de emergência

Medida visa ampliar capacidade de defesa contra possíveis agressões russas. Governo poderá reforçar policiamento e impor medidas mais rígidas, como toques de recolher, enquanto aumentam as preocupações no Ocidente.

O Parlamento da Ucrânia decretou nesta quarta-feira (23/02) um estado nacional de emergência de 30 dias, para que o país possa ampliar sua capacidade de defesa contra uma possível invasão de seu território por parte da Rússia.

A medida, aprovada por ampla maioria, surge no mesmo dia em que Moscou começou a evacuar sua embaixada e Kiev, e enquanto Washington alertava para um maior risco de um ataque russo ao país.

O estado de emergência, que entra em vigor nesta quinta-feira, permitirá aos governos regionais o reforço das medidas de defesa, desde a intensificação da verificação de documentos de pessoas e veículos, até ações mais rígidas de policiamento, como limitar a circulação de transportes.

As autoridades poderão ampliar a segurança das infraestruturas estratégicas, além de impor toques de recolher e obrigar a população a permanecer em suas casas.

"Serviços de inteligência de todos os nossos parceiros estrangeiros, assim como nossa inteligência e seus analistas, demonstram que seria impossível tomar nosso país sem antes desestabilizar a situação doméstica”, afirmou o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksiï Danilov.

O secretário afirmou que a situação é "difícil, mas está sob nosso controle”. O estado de emergência é valido para todo o país, mas não inclui as duas regiões controladas pelos separatistas na província de Donbass.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que as novas regras proíbem eventos em massa e greves. Na capital ucraniana, serão estabelecidos postos de controle nas entradas da cidade, além de verificações mais intensas nas estações de trens e aeroportos.

O Parlamento ucraniano aprovou a medida após um pedido do Conselho de Segurança do país.

Ocidente reforça sanções 

A decisão russa de reconhecer os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, gerou fortes reações no Ocidente. Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e vários países anunciaram sanções econômicas contra Moscou, que continua a negar qualquer intenção de invadir o país vizinho.

A Rússia quer garantir que as forças da Otan diminuam sua presença na Europa Oriental, e que a aliança militar do Atlântico Norte jamais aceite a adesão da Ucrânia. Para Putin, essas exigências são inegociáveis.

"O nosso país está sempre aberto ao diálogo direto e honesto, visando encontrar soluções diplomáticas para os problemas mais complexos", afirmou o presidente russo em pronunciamento à nação na ocasião do Dia do Defensor da Pátria. "Mas repito: os interesses da Rússia e a segurança de nossos cidadãos são inegociáveis."

"Hoje, garantir a capacidade das forças de defesa do nosso país continua sendo o dever mais importante do Estado", disse o presidente russo.

Deutsche Welle