Pedro do Coutto
Ao mobilizar forças militares para assegurar a independência das regiões separatistas que ele próprio estabeleceu, o presidente Vladimir Putin parte para asfixiar e dominar politicamente a Ucrânia, tendo como consequência a disposição de impor e instalar um governo russo no país.
A reação internacional foi enorme, mas a disposição russa permanece numa ofensiva ditatorial. Ao colocar as tropas nas fronteiras das regiões separatistas e invadir território ucraniano, Putin cria uma situação extremamente sensível para o governo de Kiev.
OFENSIVA – Se o governo de Kiev reagir contra a intromissão russa no país, as forças militares das regiões separatistas vão desencadear uma ofensiva de grande porte. Se o governo ucraniano aceitar sem reação militar a invasão perderá completamente a autoridade dentro do país e ficará acentuadamente fragilizado no poder. A opinião pública ucraniana vai exigir uma reação, uma vez que não é possível aceitar passivamente a ocupação militar que o Kremilin efetuou.
As sanções anunciadas pelos Estados Unidos, pela União Europeia, pela Alemanha e pelo Reino Unido estão colocadas no mapa do conflito. As consequências econômicas para a Rússia vão acontecer, mas Moscou parece disposta a enfrentá-las, principalmente deslocando a perspectiva de um confronto para a área militar. Ele sabe que as forças da OTAN dificilmente poderão intervir para apoiar a Ucrânia, já que não é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
GRANDE VANTAGEM – Além disso, no teatro da Europa as forças soviéticas levam grande vantagem em conflitos armados pela potência de suas armas, pelo volume de suas tropas e pela irresponsabilidade completa para com o futuro do mundo.
Da mesma forma, no cenário das Américas, as forças de Washington são imbatíveis contra qualquer oponente. Essa é a realidade geopolítica da questão. A saída ainda não foi encontrada, mas há um sintoma que pode influenciar o rumo dos acontecimentos. No Conselho de Segurança da ONU a China recuou do apoio incondicional a Putin e acentuou acreditar ainda numa saída diplomática.
COMPARAÇÃO – Comparando-se esse posicionamento com o que foi adotado por Pequim no início da crise, percebe-se a diferença. Na cidade de Praga, uma multidão foi às ruas exibindo um cartaz enorme com uma caricatura de Hitler de um lado e de Putin de outro. A comparação não poderia ser pior para o governo russo, sobretudo porque na Segunda Guerra Mundial, a invasão da Rússia, então União Soviética, foi desencadeada em 1941 e perdurou até 1944.
A situação mundial é crítica e qualquer previsão hoje é impossível. O destino do mundo está novamente numa esfera em que a força, no caso russa, volta-se novamente para substituir o direito humano, o direito de existir, o direito de autodeterminação dos países. Na Folha de S. Paulo, excelente reportagem de Igor Gielow, enviado especial a Moscou.
DORIA ADMITE DESISTIR – Reportagem de Ivan Martinez-Vargas e André de Souza, O Globo, revela que o governador João Doria passou a considerar a desistência de sua candidatura e nesse sentido deve manter conversações com Simone Tebet e Sergio Moro.
Doria enfrenta índices baixos nas pesquisas de votos e dissidências dentro do seu partido, o PSDB. Retorna assim a hipótese, ainda muito fraca, do surgimento de uma terceira força. Moro concorda com a tese da união desde que ele seja o candidato à Presidência. Em artigo publicado na edição de ontem de O Globo, Bernardo Mello Franco sustenta que na realidade a terceira força está naufragando.
LIBERAÇÃO DO FGTS – O ministro Paulo Guedes – reportagem de André de Souza e Geralda Doca, O Globo, está propondo ao governo a liberação de recursos do FGTS para que os titulares das contas que se encontram endividados possam pagar suas dívidas para com bancos e empresas comerciais.
A solução tem aspectos positivos, principalmente para os bancos e para as empresas que se livram de negociações para solucionarem os débitos. Mas também é positiva para os devedores, desde que não assumam outros compromissos financeiros impostos a juros que tornam impossíveis os resgates na realidade. Mas há resistência do governo, inclusive sob a alegação de que a liberação de recursos do FGTS não se encontra mais sob a responsabilidade do Ministério da Economia.
CILADAS DA INTERNET – Reportagem publicada ontem no O Globo, incluindo revelações de Lídia Luiza Bertoncello, revela que ela realizou milhares de testes de fidelidade nas redes sociais direcionados a homens que vivem fixamente com suas parceiras. De 4 mil testes, apenas 484, acentua a matéria, resistiram à tentação.
Incrível o resultado, pois quase 90% dos abordados absurdamente ignoram os riscos concretos que envolvem tais encontros. Desfechos policiais não faltam e tragédias também não, passando por situações dramáticas na maioria dos casos de reflexos absolutamente negativos nas relações familiares.