domingo, janeiro 02, 2022

Ano de 2021 foi marcado pela desorientação governamental e pela insatisfação popular




Por Pedro do Coutto

O ano de 2021, que terminou na meia-noite de ontem, passagem de 31 de dezembro para primeiro de janeiro, foi marcado especialmente por uma desorientação geral do governo Bolsonaro que prejudicou fortemente a população brasileira, seja pelo congelamento de salários, pela alta dos preços e até pela obstrução à aplicação das vacinas essenciais à vida humana.

Além disso, o Congresso marcou a sua atuação por uma confusão absoluta. Fatiou a emenda constitucional dos precatórios, algo jamais visto na história parlamentar do Brasil, e concordou com uma emenda do Senado ao projeto inicialmente aprovado pela Câmara. Emenda aplicada à emenda constitucional ? Só se emenda aquilo com o que não se concorda. Caso contrário, não haveria necessidade de emenda alguma.

AUSÊNCIA DO GOVERNO – As enchentes da Bahia, principalmente, e as inundações ocorridas em Minas Gerais e São Paulo, revelaram uma ausência do governo federal. O governo Bolsonaro chegou ao ponto de rejeitar uma ajuda oferecida pela Argentina, embora tenha aceito uma ajuda do Japão. Ajuda não se recusa. Isso é algo que revela uma imaturidade política completa. O presidente da República rejeita qualquer diálogo com forças políticas que considere de centro-esquerda ou de esquerda.

Acrescentando caráter eleitoral à controvérsia do Planalto com o governador Rui Costa, que é do PT, Bolsonaro esquece que a Bahia é um grande colégio eleitoral do país e que isolando o governador e o próprio estado, perderá votos preciosos em sua campanha em 2022. O governador Rui Costa é um administrador bem aceito pela opinião pública de seu estado, tanto que se reelegeu em 2018 com 62% dos votos.

Bolsonaro que também perde votos com a sua irredutível campanha contra a vacinação, agora incorpora seu desgaste ampliando-o pela reação natural da Bahia contra aquele que não levou em consideração as milhares de mil pessoas atingidas pelas inundações, enquanto ele encontrava-se de férias, passeando de jet ski nas praias de Santa Catarina e visitando até o Parque Beto Carrero.

INCITAÇÃO AO CRIME – Para terminar por hoje sobre as observações da política de Bolsonaro vemos que, em entrevista a Matheus Vargas e Raquel Lopes, Folha de S. Paulo, o almirante Antônio Barra Torres acusa o presidente da República de incitação ao crime contra os integrantes da Anvisa, ameaçando divulgar os seus nomes publicamente por terem aprovado por unanimidade a aplicação de vacinas a crianças entre 5 e 11 anos de idade.

Este absurdo reflete bem a atuação de um governo que age contra si próprio, contra a reeleição, contra o povo de modo geral e até contra a infância em particular, posicionando-se, não se sabe o motivo, contra a sua imunização.

Tribuna da Internet