quinta-feira, dezembro 30, 2021

Na próxima eleição, será preciso considerar a terceira via e o eleitor do partido nulo


TRIBUNA DA INTERNET | Votar nulo para invalidar a eleição é apenas uma  lenda, sem base na realidade

Charge do Nani (nanihumor.com)

Bruno Boghossian
Folha

João Amoêdo votou em Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018, convencido de que ele seria “um presidente muito ruim”. O empresário diz agora que o governo conseguiu ser ainda pior do que ele imaginava. Numa entrevista à Folha, o ex-presidenciável afirmou que não vai repetir a escolha no ano que vem, mas também se recusa a votar em Lula para derrotar Bolsonaro.

O fundador do partido Novo é um exemplar do eleitor arrependido que rejeita Bolsonaro e está em busca de um candidato alternativo para 2022. Pessimista com a tal terceira via, ele reedita a falsa equivalência que fez sucesso na última disputa e diz que prefere votar nulo se o segundo turno for um confronto entre o atual presidente e o PT.

BRANCO OU NULO – A mais recente pesquisa do Datafolha mostra como se comportam os eleitores que declaram voto em branco ou nulo num embate direto entre Bolsonaro e Lula. Esse grupo alcança a marca de 10% na simulação de segundo turno em que o petista bate o presidente por 59% a 30%.

Muitos desses eleitores são “nulistas” convictos: 25% deles dizem que também anularam o voto no segundo turno de 2018, entre Bolsonaro e Fernando Haddad. Outros 34% são como João Amoêdo, que votou no capitão há três anos. Só 10% afirmam ter votado no candidato petista, e quase um terço diz não se lembrar do voto da disputa passada.

Quase metade desse grupo quer votar nulo já no primeiro turno de 2022. A outra metade abraça candidatos com o rótulo da terceira via na etapa inicial, mas depois vai às urnas para votar em branco ou nulo.

SEGUNDO TURNO – Os eleitores de Sergio Moro são os que mais migram para o voto nulo num segundo turno entre Lula e Bolsonaro: 30% deles não vão com nenhum dos dois candidatos. Entre os eleitores de Ciro Gomes e João Doria, esse índice fica na faixa dos 20%.

O cenário reflete um sentimento antipetista enraizado numa fatia específica do país. Mais de 60% dos eleitores do partido nulo consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, mas não querem votar em Lula.