Camila Mattoso
Painel da Folha
Xingado por Paulo Guedes (Economia) durante reunião com parlamentares na terça-feira (26), o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, diz que é a primeira vez que foi chamado de burro na vida.
No encontro com deputados da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, o titular da pasta da Economia disse que o corte de R$ 600 milhões apontado pelo ministro-astronauta foi, na verdade, um remanejamento de recursos não executados da pasta, por incompetência de Pontes, que não estava presente.
SEM COMENTÁRIOS – “Sobre as falas do PG [Guedes], não tem muito o que comentar. A parte engraçada é que já fui chamado de muita coisa, mas de burro é a primeira vez”, diz Pontes ao Painel, por mensagem.
O ministro da Ciência diz não ver problemas nos ataques desferidos pelo colega de governo. “Como diria meu saudoso professor de Química do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], dr. Carl Weis: ‘Isso não me comove…’ (Os iteanos mais antigos vão se lembrar)”, completa.
Ele recorre à sua experiência no universo aeronáutico para dar compreensão ao atrito. “Lembre-se que astronautas e pilotos de combate são profissionais altamente treinados para trabalhar em equipe, mesmo em situações extremas de vida ou morte”, diz o ministro. “Às vezes, voando em formação, um piloto comete um erro e ‘dá uma asada’ para cima de você. Você desvia, corrige e continua o voo para cumprir a missão da equipe.”
MOMENTO DIFÍCIL – Pontes diz que continua a ter o mesmo respeito pessoal por Guedes e afirma que tem que dar um desconto ao colega. “Ele está em um momento difícil e deve estar meio confuso para expressar suas ideias. Não seria a primeira vez que ele foi mal interpretado em suas falas”, defende.
O ministro da Economia foi derrotado pela ala política do governo Bolsonaro, que conseguiu implementar um drible no teto de gastos. A equipe de Guedes sofreu uma debandada de secretários e o próprio ministro tem sido alvo de críticas de membros do primeiro escalão do governo, que pedem a sua demissão.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O ministro-astronauta não é nenhum primor de inteligência e tem muito defeitos. Antes mesmo de subir ao espaço sem nada fazer, como reles passageiro, ele só pensava em ganhar dinheiro e já tinha lançado um site e arranjado um manager para conseguir patrocinadores. Aposentou-se muito cedo, como tenente-coronel, na ganância de se dar bem fazendo anúncios, mas a alegria durou pouco. O ministério foi um prêmio que recebeu, mas não sabe gerir, é uma nulidade. Ao invés de trabalhar, vive arranjando viagens internas e para o exterior, sendo recordista na Esplanada. Assim, Guedes atirou no que viu e acertou no que não viu, como se dizia antigamente. (C.N.)