quinta-feira, setembro 30, 2021

Empate em julgamento devido à ausência de André Mendonça gera atrito entre ministros

Publicado em 30 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet

Lewandowski apontou erro de Fux na condenação do réu

Weslley Galzo
Estadão

A demora da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para sabatinar o ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), começou a causar impasses na Corte.

No início da sessão desta quinta-feira, 30, o ministro Ricardo Lewandowski questionou a decisão tomada pelo colegiado no julgamento do ex-deputado André Moura, ao definir que a ação só será encerrada depois da chegada do 11º ministro.

FAVORECER O REÚ – Para Lewandowski, em caso de empate, a decisão deve favorecer o réu. Além disso, o ministro pediu que, no momento de análise da ação pendente de resultado pelo novo integrante do Supremo, o caso fosse reaberto para sustentações orais, a fim de garantir o direito à ampla defesa.

O presidente do STF, Luiz Fux, divergiu do entendimento do ministro sob o argumento de que, segundo o regimento interno, o empate só favorece o réu em casos de habeas corpus e recursos extraordinários. A indefinição do resultado gerou discussão entre os magistrados. Os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso também se envolveram na disputa sobre a retomada do julgamento.

Como solução, Fux registrou a demanda na ata de julgamento e afirmou que marcará sessão para análise do caso. Outro ponto levantado por Lewandowski foi a queixa ao fato de os ministros vencidos na condenação de André Moura não terem participado da votação de fixação da pena devido à “certa aflição para encerramento do julgamento”.

REAVALIAR A PENA – O presidente do Supremo disse que a fixação da pena também será avaliada. Foram analisados três ações penais envolvendo o ex-deputado, das quais duas foram resolvidas com a fixação de pena de 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado.

Os empates em decorrência da ausência do 11º ministro já haviam sido alertados por Fux como elemento de preocupação. Em entrevista à colunista Eliane Cantanhêde, o presidente do Supremo disse que a indefinição do novo magistrado causa prejuízos, como o observado na sessão de julgamento de André Moura.

O ministro disse ter tido conversas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para agilizar as sabatinas de Mendonça e do indicado pelo Supremo para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A esculhambação jurídica aumenta cada vez mais. Desta vez, Lewandowski tem razão. Não pode o regimento interno do Supremo prevalecer sobre uma das máximas doutrinas do Direito Romano – “in dubio, pro reo”. Ou seja, se houve dúvida (empate), o réu tem de ser beneficiado. Depois voltaremos ao assunto, para espinafrar o Supremo, que está merecendo, como é hábito, aliás. (C.N.)