Deu no Estadão
O crescimento esperado para a economia mundial neste ano, de 5,3%, será o maior em meio século e alguns países deverão alcançar ainda em 2021 o nível de produção que registravam antes da pandemia ou até superá-lo. Este é o dado mais positivo do relatório anual da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Mas o crescimento deverá ter forte desaceleração em 2022, para 3,6%, por causa da retomada desigual em termos regionais e das incertezas que ainda cercam a economia mundial.
ABAIXO DA MÉDIA – Países em desenvolvimento estão tendo mais dificuldades para se recuperar e enfrentarão problemas no ano que vem. O Brasil está entre eles: o crescimento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, de 4,9%, é menor do que a média mundial; também no ano que vem o desempenho brasileiro, com expansão estimada em 1,8%, será inferior ao do resto do mundo.
O impacto nos países menos desenvolvidos é mais forte e será mais duradouro do que nos países ricos. As perdas dos países em desenvolvimento em relação ao que eles poderiam produzir caso não tivessem sido tão duramente atingidos pela covid-19 são estimadas pela Unctad em US$ 12 trilhões entre 2020 e 2025.
PERDAS DO BRASIL – Para o Brasil, a Unctad estima a perda em US$ 240 bilhões no período. Poderia ter sido pior, caso a economia brasileira não tivesse mostrado, em 2020 – quando encolheu 4,1% –, maior resistência aos efeitos da crise sanitária do que a observada em outros países da região. Na América Latina e no Caribe, o PIB caiu 7,1% no ano passado. Para a região, a perda de renda entre 2020 e 2025 pode chegar a US$ 619 bilhões, segundo a Unctad.
Problemas específicos do Brasil foram citados no relatório para explicar o desempenho econômico mais fraco do que o de países em desenvolvimento fora da América Latina. O relatório observa que fatores políticos internos levaram à desvalorização mais aguda do real do que de outras moedas de países em desenvolvimento. A crise hídrica também é lembrada, por seu impacto sobre os preços da energia.
NO FIM DA DÉCADA – A efetiva recomposição da renda dos países em desenvolvimento, se não houver novos choques que retardem mais sua recuperação, só deverá ser alcançada no fim desta década.
Segundo a Unctad, esta poderá ser a década de menor taxa de crescimento desde o final da 2.ª Guerra.