sábado, setembro 04, 2021

Ao exaltar democracia, Febraban desfecha a mais forte reação contra Bolsonaro e o Centrão

Publicado em 4 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet

Distanciamento da Febraban ratifica a oposição ao radicalismo do Planalto

Pedro do Coutto

Ao reafirmar o seu apoio ao manifesto em favor da democracia, do respeito à Constituição e às eleições, a Federação Brasileira dos Bancos desfechou o mais forte ataque tanto ao governo Jair Bolsonaro, quanto ao Centrão, sua principal base de apoio no Congresso. O presidente da Febraban, Isaac Sidney Menezes Ferreira, rejeitou o pedido dos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para que a federação reanalisasse o seu posicionamento, sob pena de o BB e a CEF se desvincularem da federação

Isaac Sidney não atendeu à solicitação dos presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e manteve o documento, acentuando também ser lamentável o recuo da Fiesp que tinha se comprometido com a manifestação, adiando o seu apoio por alguns dias à posição democrática.

REAÇÃO  – Sob o ângulo político, o distanciamento da Febraban constitui a mais séria reação contrária ao radicalismo do Planalto e ao alinhamento do Centrão com o governo. Isso porque o sistema bancário não só absorve os títulos emitidos pelo Executivo para girar a dívida interna do país que se eleva a R$ 6 trilhões, como também opera o sistema de encomendas, contratos de financiamento, pagamentos e depósitos, tanto do país quanto do exterior, controlados é claro pela federação e pelo Coaf.

Tenho a impressão de que o bloco conservador favorável ao governo no Parlamento encontra-se hoje extremamente preocupado com a firme decisão de Isaac Sidney Menezes Ferreira. Os motivos, sob o ângulo político tradicional, são óbvios e a sua revelação ilumina depósitos na própria rede bancária e também em estabelecimentos de crédito. A principal cisão envolvendo o Executivo e a democracia ocorreu esta semana.

Reportagem de Renato Andrade, Geralda Doca, Ivan Martinéz-Vargas, O Globo desta sexta-feira, destaca muito bem e com objetividade o tema em foco. O que não está em foco no primeiro plano, passa a receber uma clara iluminação logo no plano sequente.

IRONIA – Evandro Éboli, Mariana Muniz e Julia Lindner, O Globo, destacam os preparativos do governo para as comemorações de 7 de setembro, incluindo uma agressiva ironia do presidente da República aos ministros do STF. Afirmou Bolsonaro: “Ninguém precisa temer o 7 de setembro. Basta reconhecer (referindo-se indiretamente ao Supremo) que extrapolou. Portanto, quem quiser subir no carro de som e de cima dele ver duas milhões de pessoas, pode fazê-lo à vontade. Eu também garanto o uso da palavra se eles desejarem falar. Não temos outro grito de Independência porque já somos independentes”.

Esse pronunciamento foi feito a apoiadores na terça-feira, logo após o pronunciamento do ministro Luíz Fux, presidente da Corte Suprema, defendendo uma pacificação entre os poderes. Fux acentuou que as manifestações de 7 de setembro precisam ocorrer sem violência.

Assim, se Bolsonaro ironizou e rejeitou o texto de Fux é porque, no fundo, mantém-se no caminho de se opor a qualquer reaproximação os distensão.Esta última palavra, muito usada pelo presidente Ernesto Geisel e pelo general Golbery do Couto e Silva. De qualquer forma, lembra o repórter Aguirre Talento, O Globo de ontem, o Ministério Público está recomendando reforço no sistema de Segurança Pública em Brasília.

FAKE NEWS – Ao sancionar a nova lei de Segurança Nacional, revelam Jussara Soares, Dimitrius Dantas e Paulo Cappelli, o presidente Jair Bolsonaro vetou dispositivos que tornavam crimes as fake news no campo político e posicionamentos contra as eleições.

No segundo caso, como todos sabem, Bolsonaro se inclui totalmente, pois já ameaçou as eleições de 2022. Quanto às fake news, o dispositivo vetado proíbe a veiculação de comunicação enganosa, o que não afeta o pensamento do presidente da República. Os dois vetos foram também focalizados por Marianna Holanda e Cristina Camargo, Folha de S. Paulo.

Esses vetos, na minha opinião, devem cair pois, inclusive, focalizam matérias já previstas na legislação do país; caso da propaganda enganosa que ultrapassa o campo político e se estende à publicidade comercial e à obstrução das eleições já condenadas pelo texto constitucional. De qualquer forma, Bolsonaro acentuou novamente a sua posição pessoal em relação a esses dois pontos chaves da democracia.

MINIRREFORMA – O ministro Paulo Guedes lamentou a derrubada do que chamou de minirreforma trabalhista pelo Senado Federal. A minirreforma trabalhista de Paulo Guedes previa que jovens desempregados poderiam frequentar empresas para aprender e com isso descortina-se para si a hipótese de virem a ser empregados.

Portanto, pelo que se indica, a frequência seria gratuita. Como explicar tal colocação?