quarta-feira, julho 28, 2021

Na Casa Civil, o general Ramos não soube falar o “linguajar” do Congresso, alega Bolsonaro


Ex-ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, dá lugar ao senador do PP Ciro Nogueira no posto. Com a nomeação, Bolsonaro alçou um dos principais líderes do Centrão ao espaço mais nobre já ocupado por esse bloco partidário nesta e em outras gestões no Planalto. A pasta é considerada a mais importante do Executivo e concentra todas as nomeações da máquina pública. Caberá ao novo ministro azeitar a relação com o Congresso e tentar mitigar os danos provocados pela CPI da Covid no Senado. Foto: Reprodução: Twitter @MinLuizRamos - 27/07/2021

Ramos sai e entra Nogueira, por uma questão de linguagem

Evandro Éboli e Jussara Soares
O Globo

Horas após sacramentar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) como novo ministro-chefe da Casa Civil, Jair Bolsonaro disse, em entrevista a uma rádio, que está entregando ao líder do Centrão a “alma do governo”. O presidente contou ainda que entendeu como um “sinal de Deus” um problema na turbina do avião no qual Nogueira viajava do México ao Brasil, após ter recebido o convite para ser ministro.

Quando questionado sobre críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à entrada de Nogueira, ex-aliado do PT,  no governo Bolsonaro, o presidente voltou a defender o senador, dizendo que as “pessoas mudam”. Bolsonaro disse ainda que a interlocução com o Congresso será feita de “forma salutar e não de forma comprada como ocorria no passado.”

DISSE BOLSONARO – “O Ciro está feliz. Ele falou para mim que o sonho da vida dele era ocupar um ministério como esse. E dizer ao senhor presidente Lula não é o ministério das Minas e Energia, onde o orçamento é milionário. Não é o Transporte, não é o Desenvolvimento Regional. É a chefia da Casa Civil, é a alma de um governo. É realmente a nossa interlocução aumentando com o parlamento de forma salutar e não de forma comprada como acontecia no passado” — disse.

O presidente admitiu que o ainda ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, teve dificuldade de articulação com o parlamento. General da reserva, Ramos chegou em junho de 2019 para assumir a Secretaria de Governo, cuja principal missão é interagir com o Congresso. Em março deste ano, assumiu a Casa Civil, mas seguiu com atribuição de dialogar com deputados e senadores.

LINGUAJAR DO CONGRESSO — “Coloquei o Ciro porque preciso melhorar a interlocução com o Congresso. O general Ramos é uma excepcional pessoa, é meu irmão. Agora, com o linguajar do parlamento, ele tinha dificuldade. É a mesma coisa que pegar o Ciro Nogueira e botar ele para conversar com generais do Exército. O Ciro não saberá falar com eles por melhor boa vontade que tenha” — afirmou Bolsonaro.

As declarações foram dadas em entrevista à Rede Nordeste de Rádio, com transmissão para  400 emissoras nos nove estados da região e Tocantins, no Norte. Como informou o GLOBO, o presidente, em busca de popularidade, está concedendo entrevistas diárias para emissoras de todo o país.

PROBLEMA NO AVIÃO – Na entrevista, o presidente contou ainda que Nogueira relatou que o avião em que voltava ao Brasil, após ter recebido o convite para ser ministro quando estava de férias no México, teve uma turbina explodida. Bolsonaro disse que entendeu isso como um “sinal de Deus.” Bolsonaro contou que Nogueira “viu a morte ao seu lado” e o comparou com a facada recebida por ele mesmo durante ato de campanha em 2018.

“É o momento em que você procura se encontrar. Da onde vim, para onde vou. Como é que está minha vida. Eu serei bem recebido nesse destino que cabe a todos nós? O Ciro relatou isso pra mim. Foi um sinal de Deus, no dia seguinte do convite que fiz a ele, esse problema com seu avião. Graças a Deus deu tudo certo” — declarou.