Publicado em 30 de julho de 2021 por Tribuna da Internet
Márcio Falcão
TV Globo — Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (30) que a Polícia Federal retome as investigações do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na instituição.
O inquérito está suspenso e, segundo Moraes, a PF não precisa mais aguardar a definição sobre o formato do depoimento de Bolsonaro (se por escrito ou presencial). O julgamento do STF sobre o tema está marcado para setembro.
DILIGÊNCIAS PENDENTES – Na decisão desta sexta, o ministro do STF afirmou que há diligências pendentes para a PF cumprir que podem ser executadas independentemente do depoimento.
O inquérito foi aberto pelo STF em 2020 a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo, indicado por Moro (leia detalhes mais abaixo). Desde que Moro fez a acusação, Bolsonaro nega ter tentado interferir na corporação.
MUITAS PROVAS – Sergio Moro tem afirmado que estão entre as provas de que Bolsonaro tentou interferir na PF mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
Na ocasião, Bolsonaro disse: “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f… minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para Brincadeira.”
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Segundo Moro, ao mencionar a palavra “segurança”, Bolsonaro se referia à Polícia Federal no Rio de Janeiro.
O presidente, por sua vez, sempre argumentou que se referia à sua segurança pessoal, exercida pelo Gabinete de Segurança Institucional.
O Jornal Nacional, contudo, mostrou que os seguranças de Bolsonaro no Rio foram promovidos, o que coloca em xeque a versão do presidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não se pode levar a sério o Supremo. Há quase um ano o inquérito está parado, esperando um depoimento que Bolsonaro não vai dar. Na investigação, ele aparece como réu confesso, com sua afirmação gravada, feita aos ministros. Depois, foi reincidente, ao interferir na Abin para blindar o filho Flávio Bolsonaro, tendo o presidente participado de reunião no Planalto, com o diretor da Abin, o ministro Augusto Heleno e a advogada Luciana Pires, que confessou ter havido a reunião e ter recebido colaboração da Abin. E o ministro Moraes agora manda investigar o que já está provado. Fala sério!, Bussunda. Que país é esse? (C.N.)