quarta-feira, junho 30, 2021

Demora na demissão de Roberto Dias deixa governo Bolsonaro na defensiva, dizem membros da CPI


Jair Bolsonaro está se deixando levar pelos acontecimentos

Gerson Camarotti
G1 Política

A exoneração tardia do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, anunciada somente na noite desta terça-feira (29), deixou o governo Bolsonaro na defensiva. A avaliação é de integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Na análise dos parlamentares, o diretor permaneceu mais de três meses no cargo após o servidor Luis Ricardo Miranda ter denunciado ao próprio presidente Jair Bolsonaro que sofreu pressão de Roberto Dias e outros dois chefes para efetuar um pagamento adiantado da vacina Covaxin.

TRÊS VERSÕES – Sobre o caso, o governo já deu três versões, mas não explicou a permanência de Dias no cargo. O Ministério da Saúde só exonerou o diretor depois que o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, afirmou que Dias pediu propina de US$ 1 por dose de vacina para a empresa assinar contrato com o Ministério da Saúde.

Ao jornal “Folha de São Paulo”, Dominguetti disse que procurou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Na nota divulgada na noite desta terça (29), o ministério não explicou o motivo da exoneração de Roberto Dias. Disse somente que a decisão foi tomada no período da manhã.

Roberto Dias é apontado como afilhado político do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que nega que tenha feito a indicação para o comando da Diretoria Logística do Ministério da Saúde.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A nomeação de Roberto Dias foi feita na gestão de Henrique Mandetta no MInistério da Saúde. Não é possível que o ex-ministro desconheça qual foi o político ou general que avalizou a indicação desse elemento acima de qualquer suspeita. Afinal, todo ministro precisa saber quem fez indicações, para depois poder cobrar caso o nomeado faça algum “malfeito”, como dizia Dilma Rousseff, tentando minimizar a corrupção que campeava nos governos do PT. (C.N.)