Publicado em 26 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Ana Luiza Albuquerque e Lucas Bello
Folha
Pressionado após ter sido levado ao centro das investigações da CPI da Covid no Congresso diante das denúncias de irregularidades na compra da Covaxin, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atacou a comissão em nova motociata na manhã deste sábado (26) em Chapecó (SC), no oeste catarinense.
Bolsonaro novamente promoveu aglomeração e cumprimentou apoiadores sem utilizar máscara de proteção contra o novo coronavírus. Chapecó tem 96% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupados. O prefeito João Rodrigues (PSD) é alinhado ao presidente e defensor do chamado tratamento precoce, ineficaz contra a doença.
CPI DE PILANTRAS – Após o percurso de moto, Bolsonaro subiu em um carro de som e disse a apoiadores que a CPI é formada por pilantras que não querem investigar quem recebeu o dinheiro, em referência aos governadores, mas apenas quem enviou os recursos.
“Lamentavelmente o Supremo decidiu pela CPI e decidiu que governadores são desobrigados a comparecer. Querem apurar o quê? No tapetão não vão levar”, afirmou.
“Não adianta provocar, inventar, querer nos caluniar, nos atacar 24 horas por dia porque não conseguirão. Só uma coisa me tira de Brasília: o nosso Deus. Não vão ganhar no tapetão ou inventando narrativas”, disse Bolsonaro neste sábado.
VOTO AUDITÁVEL – No carro de som, ao lado do presidente, estavam líderes evangélicos da cidade. Bolsonaro repetiu discurso que havia feito a empresários de Chapecó na noite anterior, dizendo que “tiraram um vagabundo da cadeia, o tornaram elegível, e querem agora torná-lo presidente pela fraude”.
Mais uma vez, Bolsonaro voltou a questionar a segurança das urnas eletrônicas, sem, no entanto, apresentar provas para suas suspeitas.
“Tem eleições ano que vem. Se Deus quiser, com apoio do parlamento, [teremos] o voto auditável. Vamos botar um fim, no mínimo, na sombra da fraude que deve acontecer com toda a certeza a cada eleição”, afirmou.
CORRUPÇÃO VIRTUAL – Bolsonaro chegou a Chapecó na tarde de sexta-feira (25) e, à noite, participou de um evento com empresários em um auditório lotado. No evento, Bolsonaro afirmou que a CPI da Covid está inventando um caso de corrupção no governo, em referência às acusações de irregularidades na compra da Covaxin.
“Estão inventando agora na CPI uma corrupção virtual. Uma vacina que não foi comprada, não chegou uma ampola aqui, não foi gasto um real. E o governo está envolvido em corrupção. É o desespero. Por Deus que está no céu, me policio o tempo todo. Só Deus me tira daqui. Tapetão por tapetão sou mais o meu”, disse.
O presidente não deu detalhes sobre o que quis dizer com “tapetão” e saiu do local sem falar com a imprensa, após ter insultado uma repórter no mesmo dia pela manhã.