Vicente Nunes
Correio Braziliense
Ex-porta-voz da Presidência da República, o general Otávio do Rêgo Barros diz que a ganância dos atuais detentores do poder contraria os “os princípios mais salutares da alternância de poder das democracias maduras”. E isso, no entender dele, vem causando aflição em vários segmentos da sociedade.
O general ressalta, em artigo publicado no Correio, ver uma armadilha no atual ambiente político que pode irromper um conflito social de “dimensão não avaliável em médio espaço de tempo, dada à polarização vigente do maniqueísmo que tomou conta de parte de grupos antípodas (estados de disputa)”.
TROMBA D’ÁGUA – Na avaliação de Rêgo Barros, os sistemas de freios e contrapesos do sistema ajustariam a temperatura (da CPI), mas, segundo ele, “não se passaram 30 dias e a tromba d’água se formou na cabeceira do rio do ambiente político, potencializada pela gestão sanitária e as investigações decorrentes”, explicitando que “a senda da institucionalidade está se tornando estreita, com riscos de dificuldades mais adiante”.
Quem acompanha as declarações do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos dele compreende, de imediato, o alerta do general. Realmente, a família presidencial já está disseminando o discurso de que, caso Bolsonaro não seja reeleito em 2022, será porque houve fraude no sistema eleitoral. Por isso, vendem como verdade que só o voto impresso pode evitar a derrota do mandatário.
GRUPOS ARMADOS – Além da gestação dessa revolta popular em 2022, a máquina que atua a favor do governo defende a estruturação de grupos armados, dispostos a manter Bolsonaro no comando do país, mesmo que seja adotada uma ditadura militar tendo o ex-capitão do Exército com chefe.
Não por acaso, as instituições democráticas, como Supremo e Congresso, estão sob constantes ataques. E o grupo que detém o poder promove manifestações em série, por todo o país, pregando o fortalecimento do Executivo.