terça-feira, maio 25, 2021

Dr Roberto Kalil: Síndrome Pós-Covid pode ser tão séria quanto a própria doença

 

Manu Vergamini

Acompanhamento médico é essencial no pós-Covid
O cardiologista Roberto Kalil alerta para os cuidados que a Covid 19 inspira, mesmo
 entre aqueles que já contraíram o Novo Corona Vírus e passaram por um quadro de
 internação:
 "Estamos no meio de uma tragédia, cujos efeitos ainda serão sentidos por um longo 
tempo entre a população."

O Brasil está perto de atingir 16 milhões de casos confirmados de Covid 19. Um a cada 
13 brasileiros já manifestou os sintomas dessa enfermidade. Algumas dessas pessoas7
 poderão conviver nos próximos meses com a chamada "síndrome do pós-covid", lidando 
com sintomas que vão da fadiga à depressão.

Tão séria quanto a própria doença, a síndrome pós-covid demanda cuidados médicos em
 várias frentes e dependendo de como se desenrolar, deve impactar o SUS de forma
 importante, pressionando ainda mais a saúde pública com a busca por leitos e
 atendimento nos hospitais.

O alerta é do professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, o médico
 Roberto Kalil, do InCor e hospital Sírio Libanês. "A Covid 19 é uma doença muito mais
 séria do que imaginávamos. Dependendo da situação, há uma grande chance de má
 evolução clínica e inclusive óbito", afirma o doutor Kalil.

Ele defende que todos os pacientes que tiveram a doença e passaram por internação,
 contem com um acompanhamento médico adequado nos meses subsequentes à cura
 da Covid 19. "É muito comum termos relatos de falta de ar, perda de olfato e paladar, 
tonturas e até dificuldade de raciocínio entre os que já estiveram internados em virtude da
 doença".
Muitos sentem que o organismo não é mais o mesmo depois da Covid 19. O acompanhamento
 médico é essencial para a plena recuperação da síndrome pós-covid, que pode durar meses"
, explica.

Pesquisas indicam que 17% dos pacientes de Covid 19 que voltam para casa precisam ser
 hospitalizados novamente. "Sem dúvida, estamos diante de um problema de saúde pública,
 para o qual ainda não nos atentamos devidamente, uma vez que o esforço maior e
 prioritário agora é a vacinação", ressalta o doutor Kalil.

"Vacinação em massa e a colaboração da população em manter o distanciamento social são
 as únicas saídas nesse momento. É preciso que a população entenda que estamos no meio
 de uma tragédia, cujos efeitos ainda serão sentidos por um longo tempo", completa.


Dr Roberto Kalil - presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP) e diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.