Publicado em 31 de maio de 2021 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Quando se investe para impedir a autonomia dos promotores, procuradores e delegados na condução dos inquéritos, como está acontecendo agora, o objetivo claro é submeter aos humores do governo essas duas importantíssimas instituições do Estado democrático.
Na prática, acontecerá o seguinte: se as operações policiais atingirem elementos da oposição e favorecerem o governo, deixa-se ir em frente. Mas quando envolverem os detentores do poder, a Direção-Geral da Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República logo arranjarão um jeito de interromper as investigações.
SIMULTANEAMENTE – Notem que esses dois movimentos contra os integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público estão ocorrendo simultaneamente. As propostas são de que o diretor-geral da PF e o procurador-geral da República ganhem poder de veto prévio nas atividades de suas corporações.
Bem, se a moda pega, imaginem o poder que um futuro governo terá? Devemos olhar para o futuro e não para o presente. Essa arma poderosa nas mãos de um autoritário será usada contra os direitos do cidadão de bem.
Tanto o atual diretor-geral da PF, delegado Paulo Maiurino, que fez carreira em cargos administrativos fora da corporação, quanto o procurador Augusto Aras, que sequer participou da eleição para escolha da lista tríplice, estão liderando esses movimentos de retrocesso institucional.
IMPUNIDADE GERAL – É vergonhosa essa proteção/ blindagem pretendida pelas autoridades corruptas. Todos os demais criminosos brasileiros vão querer essa impunidade também. Seus advogados deveriam exigir isonomia para os clientes, caso o Supremo concorde com esses retrocessos.
Ou se locupletam todos ou restaure-se a moralidade, já dizia o célebre jornalista Sérgio Porto, através de seu personagem Stanislaw Ponte Preta.
Que país e esse? O que é isso, companheiro? Chamem o Francelino Pereira e o Fernando Gabeira. O que será de nós o amanhã? A cada dia, uma agonia. E sempre contra o interesse público e os direitos dos cidadãos.