sexta-feira, abril 30, 2021

No dia em que país ultrapassou 400 mil mortes, Bolsonaro diz que não estar preocupado com a CPI da Covid

Publicado em 30 de abril de 2021 por Tribuna da Internet

Bolsonaro ignora números alarmantes e opta pelas cortinas de fumaça

Daniel Carvalho
Folha

No dia em que o Brasil ultrapassou as 400 mil mortes por Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse não temer a CPI no Senado e que está trabalhando “a todo vapor”. Em sua live semanal, o presidente nesta quinta-feira, dia 29, mencionou rapidamente “um número enorme de mortes”.

“Lamentamos as mortes, chegou a um número enorme de mortes agora aqui, né?”, indagou durante a transmissão. Cerca de quatro minutos depois, mencionou a chegada de carretas com oxigênio e, então, falou da comissão parlamentar de inquérito que começou a funcionar no Senado na última terça-feira, dia 27.

“A TODO VAPOR” – “A gente continua trabalhando a todo vapor. Não estamos preocupados com essa CPI. Nós não estamos preocupados”, afirmou Bolsonaro. O Senado, por sua vez, fez um minuto de silêncio, na tarde desta quinta, para homenagear os mais de 400 mil mortos.

Durante a live de Bolsonaro, as TVs mostravam a chegada do lote de 1 milhão de vacinas da Pfizer em Campinas (SP), com a participação de três ministros do governo. O presidente não mencionou a chegada dos imunizantes em sua transmissão que, desta vez, durou mais de uma hora.

Por outro lado, ele usou a live para criticar medidas restritivas, atacar governadores, em especial o de São Paulo, João Doria (PSDB), falar mal da imprensa e de ONGs, defender a exploração de terras indígenas, lamentar a morte do fundador do PRTB, Levy Fidelix, elogiar o coronel Ricardo Nascimento de Mello Araújo, presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e fazer campanha pela exploração do nióbio.

HIDRELÉTRICA – Também falou sobre sua intenção de construir uma hidrelétrica em uma reserva indígena em Roraima, no vale do rio Cotingo, e anunciou sua previsão de viagens pelo país, inclusive pousando em algum garimpo de ouro.

“Pretendo, se não for desta vez, numa próxima, com o helicóptero, obviamente, aterrissar num garimpo. Nós não vamos prender ninguém, não vai ser uma operação para ir atrás de garimpo irregular. Quero conversar com o pessoal como eles vivem lá”, afirmou Bolsonaro.

O presidente é favorável à legalização do garimpo de ouro. “Qual a minha ideia? Logicamente você tem que legalizar a extração, o garimpo de ouro, tem que legalizar. Uma vez legalizando, gostaria eu de ter, junto a pelotões de fronteira um posto da Caixa Econômica Federal para a gente comprar ouro.”Na live desta quinta, Bolsonaro também falou das eleições de 2022.

VOTO IMPRESSO – “É a hora de você se preparar para ajudar a mudar o destino do Brasil. Você pode mudar o destino do Brasil se você trabalhar corretamente”, afirmou. O presidente também defendeu o voto impresso, que agora vem sendo chamado por bolsonaristas de “voto auditável”.

Em mais um capítulo de sua campanha para colocar em dúvida o sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro acusou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de sonegar informações dos pleitos.

“DEVER DE FAZER” – “É que o TSE não faz. Acabou as eleições, o TSE tem que disponibilizar no site todas as seções do Brasil. Eu que voto lá na escola Rosa da Fonseca, em frente à Primeira Divisão do Exército, lá na Vila Militar do Rio de Janeiro, eu tenho que votar, estar aqui em Brasília [e], a partir das 20h, eu quero acessar, eu quero ver se a tripa que alguém que ficou lá tirou a fotografia e mandou para mim por zap, eu quero acessar ali, entrar no site do TSE, o TSE tem o dever de fazer, e quero saber se bate a fita do TSE com a fita do papel que foi afixada lá”, afirmou.

“O TSE sonega essa informação. Não quero aqui culpar os ministros do TSE. O TSE, como instituição, sonega isso daí. A lei diz que a apuração é pública e ponto final”, afirmou o presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A opção de Bolsonaro ao ignorar milhares de mortes, mostrando-se completamente alheio ao números alarmantes não é estratégia e sim reflexo da mais completa falta de argumentos diante da sua notória incapacidade de gerir uma nação ou de se sensibilizar com a dor do outro. Em qualquer país sério, um gestor sequer ousaria fazer piadas a esmo, pelo menos em sinal de respeito aos que perderam os seus entes, aos que sofrem com o desemprego, aos que não enxergam saída a curto prazo. Mas aqui, enquanto não é posto para fora do Planalto, Bolsonaro continua a fazer da Presidência o seu palco. Até quando ? (Marcelo Copelli)