quinta-feira, abril 22, 2021

Na Defesa, Braga Netto dá apoio político e fortalece a retórica golpista de Bolsonaro


Braga Netto é criticado por militares e chamado de 'preposto de Bolsonaro'  | O Antagonista | iG

Braga Netto tenta fazer o “serviço” que seu antecessor rejeitou

Bruno Boghossian
Folha

Se alguém tinha dúvidas sobre as intenções de Jair Bolsonaro ao trocar o comando das Forças Armadas, basta acompanhar os pronunciamentos do novo ministro da Defesa. Em poucas semanas, o general Walter Braga Netto mostrou que pretende manter a escolta política dos militares ao governo e seguir a retórica conflituosa do presidente.

Desde o início do mandato, Bolsonaro usa as Forças Armadas como ferramenta para intimidar adversários políticos e outros Poderes. Foi assim em seu embate com governadores e em ameaças que fez ao STF. Braga Netto indicou que vai ajudar o presidente nesse delírio autoritário.

AUXILIAR POLÍTICO – Na semana passada, com o governo acuado pela CPI da Covid, o ministro agiu como auxiliar político de Bolsonaro e repetiu a tática de desviar o foco das investigações. “O uso de recursos pelos gestores dessas instâncias, estadual e municipal, deve ser acompanhado pela população e sofrer apuração rigorosa”, declarou.

Braga Netto reforçou o gesto de continência nesta terça (20), na posse do novo comando do Exército. Num recado ao Congresso e ao Judiciário, disse que “é preciso respeitar o rito democrático e o projeto escolhido pela maioria dos brasileiros”.

“A sociedade, atenta a essas ações, tem a certeza de que suas Forças Armadas estão prontas a servir aos interesses nacionais”, completou. O general só não quis explicar por que os militares deveriam vigiar o que ocorre no terreno da política.

RELATÓRIO DE GESTÃO – Em contraste, o comandante demitido fez um discurso burocrático, quase sonolento. Edson Pujol passou longe da cartilha bolsonarista e apresentou um relatório de gestão que mencionava até a sinalização de trânsito no setor militar de Brasília.

O antecessor de Braga Netto também dava guarida ao presidente. Fernando Azevedo e Silva sobrevoou com Bolsonaro uma manifestação golpista e assinou uma mensagem ao STF em tom ameaçador, mas foi derrubado mesmo assim.

O novo ministro já provou que está disposto a cumprir as missões políticas do chefe para ficar mais tempo no cargo.