por Matheus Caldas / Jade Coelho
Unidades de saúde que recebem pessoas com suspeita de Covid-19, e que também ofereçam serviço de vacinação contra outras doenças para crianças, devem se atentar para as normas e cuidados para prevenir o contágio do novo coronavírus. Este é um alerta do presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi.
A sugestão do médico infectologista se deu após provocação de pais que enviaram denúncias ao Bahia Notícias de que Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da prefeitura de Salvador estavam vacinando crianças e realizando testagem para Covid-19 em pessoas com suspeita do vírus. Vale ressaltar que, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), crianças até 5 anos não devem usar máscara.
Para Sáfadi, embora não seja o cenário ideal, este tipo de situação pode acontecer, principalmente por conta da pandemia. Contudo, ele alerta que deve haver esclarecimentos à sociedade e uma rígida triagem entre os pacientes destas unidades de saúde.
“De fato, esta reclamação de misturar no mesmo ambiente pessoas doentes com quem está lá receber vacinas não é um cenário ideal. A gente tem detectado que a maioria das unidades de saúde tem encontrado mecanismos que conseguem separar as pessoas que estão indo por estarem doentes das pessoas que vão para se vacinar. Mas eu compreendo que isso, eventualmente, não seja a realidade de todas as unidades de saúde. É preciso encontrar estratégias que minimizem esse inconveniente”, avalia, em entrevista ao Bahia Notícias.
“Sugiro que esses locais informem que isto está acontecendo e providenciem dentro do que é possível um esquema de triagem para separar os indivíduos que estão indo para consulta de rotina e vacinação daqueles que estão doentes”, acrescenta.
O QUE É UMA UBS?
Uma Unidade Básica de Saúde serve para realizar atendimentos básicos e gratuitos em Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. Estes espaços existem para evitar o encaminhamento de pacientes de baixa urgência para outros serviços, como emergências e hospitais.
Atualmente, por conta das demandas referentes ao novo coronavírus, as UBSs em Salvador – com serviços semelhantes às Unidades de Saúde da Família (USF) – realizam testagem de pessoas com suspeita de Covid-19.
Os espaços de saúde que fazem a testagem são: UBS Pelourinho e UBS Ramiro de Azevedo (Distrito Sanitário Centro Histórico); USF Joanes Leste e UBS Ministro Alckmin (Distrito Sanitário Itapagipe); USF Deputado Luiz Braga e UBS Péricles Laranjeiras (Distrito Sanitário São Caetano/Valéria); USF San Martin I e USF San Martin III (Distrito Sanitário Liberdade); UBS Mario Andrea e USF Vale do Matatu (Distrito Sanitário Brotas); USF Clementino Fraga; e USF Sabino Silva (Distrito Sanitário Barra/Rio Vermelho).
O procedimento também ocorre na USF Imbuí e USF Curralinho (Distrito Sanitário Boca do Rio); USF Itapuã e USF Professor Eduardo Mamede (Distrito Sanitário Itapuã); USF Professor Humberto Castro Lima – Pernambuezinho e UBS Rodrigo Argolo (Distrito Sanitário Cabula/Beiru); UBS Dra. Cecy Andrade e USF João Roma Filho (Distrito Sanitário Pau da Lima); UBS Fazenda Coutos II e USF Itacaranha (Distrito Sanitário Subúrbio); e UBS Nelson Piauhy Dourado e USF Yolanda Pires (Distrito Sanitário Cajazeiras).
EXPLICAÇÕES DA PREFEITURA
Em nota enviada ao Bahia Notícias, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) reforça que as unidades são locais de testagem para pacientes com quadros leves de síndromes gripais. “Salientamos que esses pacientes são acomodados em sala de espera à parte enquanto aguardam outros tipos de atendimento, a exemplo da vacinação”, explica a pasta, em trecho do comunicado.
“Todas as equipes de atendimento da Secretaria Municipal de Saúde seguem rígidos protocolos de atendimento dos sintomáticos respiratórios. Esses protocolos contemplam desde o uso obrigatório de EPIS, durante todo o turno de trabalho, bem como, a separação de fluxos específicos de atendimento para cada público de atendimento”, emenda.
Ainda de acordo com a SMS, “todos os profissionais devem estar rigorosamente paramentados de acordo com sua área de atuação e os pacientes são separados por tipo de atendimento a ser realizados para evitar o encontro de fluxos desses públicos dentro da unidade.”
Bahia Notícias