Fontes ligadas ao Palácio do Buriti afirmam que coronel Julian Rocha Pontes, de 47 anos, furou fila da imunização; ele nega irregularidade. Doses remanescentes são voltadas para forças de segurança na linha de frente.
Por Yasmim Perna, Marília Marques e Rita Yoshimine, TV Globo e G1 DF
Comandante-geral da Polícia Militar do DF, Julian Rocha Pontes — Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
O comandante da Polícia Militar no Distrito Federal (PMDF), o coronel Julian Rocha Pontes, de 47 anos, foi exonerado após tomar a "xepa" da vacina contra a Covid-19. A informação sobre a saída do militar foi confirmada à TV Globo pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) e publicada em edição extra do Diário Oficial nesta sexta-feira (2
Fontes ligadas ao Palácio do Buriti disseram à reportagem que membros da alta patente da PMDF receberam as doses remanescentes da vacina contra a Covid-19 na última terça-feira (30), um dia após a Secretaria de Saúde mudar a regra para a aplicação das "xepas".
"Não houve [irregularidade]. Eu não furei fila. Tomei as remanescentes. Não desobedeci a critérios da vacinação. Tomei... Após aquelas sobras após as 17h", disse Julian.
As unidades que sobram no fim do dia são destinadas a profissionais das forças de segurança pública que atuam na linha de frente do combate à pandemia (entenda mais abaixo). O início da vacinação geral para força da segurança pública, no entanto, ainda não tem data marcada.
Julian disse ainda que recebeu a ligação do secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Ferreira, durante a manhã, quando foi informado da saída. A edição extra do Diário Oficial nomeia o coronel Márcio Cavalcante de Vasconcelos para assumir o posto de comando da corporação.
Doses remanescentes
A "xepa" é o que sobra de doses da vacina após abertas. Cada frasco da CoronaVac contém 10 doses, que precisam ser aplicadas em até 8 horas no máximo. Já o imunizante Covishield, contém 10 doses e duração de 6 horas.
No dia 29 de março, durante coletiva à imprensa, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, afirmou que trabalhadores "mais velhos" terão prioridade no recebimento das doses remanescentes. "Se tiver uma dose e dois policiais de escolta, essa dose vai ser usada para o profissional mais velho", disse.
Um documento da Secretaria de Saúde considera policiais na "linha de frente":
- militares que fazem a escolta das vacinas
- policiais que fiscalizam o horário de funcionamento do comércio e no combate a aglomerações
- aqueles que acompanham a vacinação, na organização do trânsito dos "drive-thru"
- militares nos atendimentos pré-hospitalares (que fazem a segurança das unidades básicas de saúde (UBS).)
Forças de segurança
Em nota enviada nesta sexta-feira (2), a Secretaria de Saúde informou que a vacinação dos membros das forças de segurança "está sendo programada para começar no início da semana que vem" [a partir de segunda (5)], em pontos que serão definidos e seguindo listas que estão sendo preparadas pelo comando de cada uma das forças".