Publicado em 24 de fevereiro de 2021 por Tribuna da Internet
Augusto Fernandes
Correio Braziliense
Após anunciar mudanças no comando da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou a possibilidade de promover mais alterações no governo federal nesta semana. Mesmo diante da repercussão negativa da classe política e do mercado à decisão de indicar o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da empresa, até então ocupada por Roberto Castello Branco, Bolsonaro disse que as modificações são necessárias porque ele tem que “trocar as peças que porventura não estejam dando certo”. A apoiadores, o presidente afirmou que vai “meter o dedo na energia elétrica”.
Bolsonaro não deixou claro quais mudanças serão feitas na administração federal, nem em quais órgãos ele pretende promover modificações, mas a fala do presidente reacendeu as expectativas para uma reforma ministerial, que interessa bastante aos partidos que apoiam o governo no Congresso.
FATURA DO CENTRÃO – Desde as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, quando o chefe do Palácio do Planalto jogou pesado para garantir a vitória de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), as legendas têm cobrado a fatura, em especial as que compõem o Centrão.
Mesmo com o presidente tendo distribuído R$ 3 bilhões em recursos extraorçamentários para quase 290 parlamentares aplicarem em obras nos seus redutos eleitorais à época da votação, os partidos querem mais espaço no governo.
Até aqui, Bolsonaro só atendeu o pleito dos congressistas ao escolher, há duas semanas, o deputado João Roma (Republicanos-BA) para comandar o Ministério da Cidadania, pasta que era bastante cobiçada por controlar o pagamento de benefícios assistenciais, como o Bolsa Família e o auxílio emergencial.
OUTROS MINISTÉRIOS – Mas o Centrão já vem mapeando outros ministérios, como o da Saúde e das Relações Exteriores, e ficam na esperança de novas nomeações até para melhorar a imagem do próprio Bolsonaro, visto o desgaste do Planalto com o trabalho dos ministros Eduardo Pazuello, principalmente pela atuação dele diante da pandemia do novo coronavírus, e Ernesto Araújo, criticado pela forma que conduz a política externa brasileira.
De todo modo, Bolsonaro vai promover mudanças nos ministérios com muita cautela. Por mais que deputados e senadores tenham garantido as vitórias dos candidatos para as duas Casas Legislativas, o presidente vai aguardar mais provas da “lealdade” do Centrão ao Executivo. Segundo integrantes do governo, a partir da aprovação de matérias que são de interesse do Planalto, em especial as da pauta de costumes, Bolsonaro pode “recompensar” a base aliada com as vagas na gestão federal.